51º Congresso Brasileiro de Geologia

Dados da Submissão


Título

O BANCO DE ROYAL CHARLOTTE, BAHIA: UMA FRONTEIRA DO CONHECIMENTO GEOLÓGICO DA MARGEM CONTINENTAL BRASILEIRA

Texto do resumo

Royal Charlotte é um dos trechos mais largos da margem continental brasileira e juntamente com Abrolhos, abarca a maior biodiversidade até então conhecida, no Atlântico Sul. De natureza vulcanossedimentar, dados de perfilagem sísmica indicam que seu vulcanismo atingiu o topo do Mioceno. Ele é caracterizado por sistemas de diques, soleiras e derrames com rochas de características peperíticas. A extensão e largura do banco, associadas às variações do nível do mar durante o Holoceno, condicionaram a existência de de ambientes de fundo que associam a geomorfologia e a geologia à distribuição das comunidades bentônicas. Os levantamentos no banco foram realizados com o apoio do ICMBio e do Navio Oceanográfico Ciências do Mar IV, MEC/Marinha do Brasil. Os estudos envolveram análises de dados sísmicos de terceiros, levantamentos geofísicos utilizando métodos sonográficos e de eletrorresistividade, além de amostragem direta. Os resultados mostraram que a porção interna da plataforma, com relevo amplo, gradiente suave e isóbatas de baixa sinuosidade, é composta por sedimentos terrígenos, exibindo fácies lamosas e areno-lamosas, de proveniência principal no Rio Jequitinhonha. Também ocorrem areias cascalhosas quartzosas, cuja textura sugere se tratar de depósitos relictos e palimpsestos, associados à erosão do Grupo Barreiras. Em meio aos depósitos terrígenos, próximo à costa, surgem terraços de abrasão marinha sobre lamitos e wackes ferruginosos do Grupo Barreiras. Eles serviram de substrato para a instalação de comunidades antigas de corais e algas vermelhas encrustantes. Outras feições comuns na plataforma interna rasa, são os cinturões de arenitos de praia, que também possuem remanescentes de antigas colônias de corais e hardgrounds, constituídos por algas vermelhas e fragmentos cascalhosos de corais. A partir da plataforma média, até a plataforma externa, ocorrem fundos carbonáticos arenosos a cascalhosos, constituídos principalmente por fragmentos filamentosos de algas vermelhas, briozoários, espinhos de equinoides, bivalves, gastrópodes, tubos de poliquetas e foraminíferos bentônicos. A transição entre a plataforma interna e média é marcada por uma quebra no relevo submarino, entre os 30 e 35 metros, com desnível de até 5 metros. A partir deste desnível, ocorrem paleocanais fluviais que se estendem até a quebra para o talude. Na plataforma média e externa o fundo é ocupado por rodolitos, onde também ocorrem recifes mesofóticos esparsos. O relevo na quebra da plataforma é ravinado, com protuberâncias que podem ser relacionadas a antigos recifes de borda. Em torno dos 70 metros, de forma persistente ao longo de toda a extremidade do banco, ocorre uma antiga frente de erosão marinha. O talude possui feições de deslizamento gravitacional e empurrões, limitados por falhas de cavalgamento. As evidências sugerem que durante a Transgressão Flandriana, o mar construiu e afogou progressivamente as feições encontradas nas plataformas externa e média, como antigas frentes de erosão marinha, recifes e canais fluviais outrora expostos. Na plataforma interna, durante o máximo eustático de 5,6 mil anos, o mar que erodiu o Grupo Barreiras, permitiu naquele momento, a instalação de comunidades de corais e algas, sobre os terraços de abrasão marinha e arenitos de praia. Com a regressão marinha que se seguiu, as colônias antigas de corais foram destruídas, formando o cascalho coralíneo constituinte do hardground.

Palavras Chave

Geologia; Geomorfologia; margem continental brasileira; Royal Charlotte; Bahia

Área

TEMA 22 - Geociências Marinha e Oceanografia

Autores/Proponentes

Caio Vinícius Gabrig Turbay, Andresa Oliva, Ramilla Vieira Assunção, Maria Eduarda Lemos Freitas, Giorgia Fernandes Quatrini