Dados da Submissão

Título

O Potencial em Elementos Terras Raras do Bloco Jequié sob o Ponto de Vista da Geoquímica de Superfície - Determinação do Background por Sedimentos de Corrente. Região Sudeste do Estado da Bahia.

Texto do resumo

Os elementos terras raras (ETR), relativamente abundantes na crosta terrestre, ocorrem como constituintes principais ou secundários numa gama de minerais acessórios na paragênese de rochas carbonatíticas, alcalinas e calcialcalinas. Geoquimicamente similares, ocorrem, sobretudo, substituindo elementos de potencial iônicos semelhantes, via de regra, concentrados em apatita, zircão, granadas, monazita, xenotímio, etc., com os teores dos leves marcadamente superiores aos dos pesados. Com a crescente demanda da indústria tecnológica, minerais de ETR têm sido considerados, globalmente, como críticos ou estratégicos, o que tem impulsionado a busca por novos depósitos, que podem ser primários, associados a rochas ígneas alcalinas e carbonatitos, e secundários, oriundos de erosão e intemperismo intenso, incluindo placers, lateritas e bauxitas. No estado da Bahia, a quase totalidade dos requerimentos de pesquisa para esses elementos estão no Bloco Jequié (BJ), compartimento geotectônico arqueano localizado na porção NE do Cráton São Francisco. O BJ abriga o complexo homônimo que é constituído por granulitos heterogêneos orto e paraderivados, rochas enderbíticas, charnoenderbíticas e charnockíticas, de afinidade calcialcalina, supracrustais e intrusões graníticas. A área de estudo compreende a porção leste do complexo, do Centro Norte ao Centro Sul Baiano, onde predomina clima quente de caatinga, além do tropical chuvoso de floresta na porção central. Predomina relevo caracterizado por modelados de dissecação com morros de topos convexos e planos, onde se desenvolvem argissolos e latossolos. Para a avaliação do background geoquímico dos ETR e seu padrão de dispersão no ambiente superficial, foram usados dados oriundos de análises químicas por ICPMS/OES e extração por água régia de 712 amostras de sedimentos de corrente, além de registros mineralógicos em concentrados de bateia, coletadas em drenagens de 1° a 3° ordem. Gráficos de distribuição mostram teores bastante elevados para os ETR, além do Y, no domínio do BJ, sobretudo nas porções SE e central, ultrapassando concentrações de 1000 ppm para o Ce. Bacias de drenagem da mesma região também apontam altos teores de Nb, Ti, Hf e Zr, elementos de baixa mobilidade durante os processos intempéricos. A análise multivariada confirmou a associação destes elementos, tendo os maiores escores relacionados às regiões sul e central do BJ e, evidenciando a ação de processos lateríticos no enriquecimento destes, Al, Sc, Ga, V e Fe, comumente concentrados durante o intemperismo nos minerais de argila neoformados, ocorrem associados na mesma região, em especial na porção SE, área de ocorrências conhecidas de bauxita. Destaca-se ainda a associação, em teores elevados, dos ETR pesados Lu e Yb, além de Tb e Y, relacionada espacialmente à porção central, onde ocorrem espessos perfis de intemperismo. Por outro lado, os ETR leves Ce e La associados a Th e U mostram os maiores escores numa porção mais a leste, podendo estar relacionada à monazita que ocorre com frequência elevada em grande parte das amostras de concentrados de bateia. Em síntese, os dados apontam altos teores de ETR associados a elementos indicativos de intensos processos de intemperismo e lateritizaçao, sempre em regiões marcadas pelo desenvolvimento de latossolos e coincidentes com valores elevados de índice laterítico, reunindo condições favoráveis para existência de depósitos por enriquecimento supergênico, a exemplo daqueles por adsorção iônica.

Palavras Chave

Minerais críticos; Enriquecimento supergênico; Adsorção iônica