51º Congresso Brasileiro de Geologia

Dados da Submissão


Título

QUÍMICA MINERAL DE GRÃOS DE ILMENITA DE PEGMATITOS PALEOPROTEROZOICOS DA PROVÍNCIA PEGMATÍTICA DE SÃO JOÃO DEL REI, ESTADO DE MINAS GERAIS

Texto do resumo

A Província Pegmatítica de São João del Rei está localizada no centro-sul do estado de Minas Gerais e é composta por corpos pegmatíticos mineralizados que estão associados principalmente ao metagranitoide Ritápolis (2121 ± 7 Ma) e ao metagranito Restinga (2018 ± 31 Ma). Nessa província destaca-se o pegmatito da Volta Grande, que é explorado para Sn-Nb-Ta-Li, enquanto corpos menores estão desativados. Os pegmatitos encontram-se intemperizados (com exceção do Volta Grande), o que facilita o estudo mineralógico do material saprolítico a partir da concentração em leito ativo de drenagem. O objetivo desse trabalho envolve a caracterização mineralógica por estereomicroscopia e a obtenção de dados microquímicos por MEV-EDS de grãos de ilmenita de diversos corpos pegmatíticos saprolítizados da Província Pegmatítica de São João del Rei. A metodologia utilizada consistiu na coleta de 20-25 kg de material saprolítico de 37 pegmatitos que foram lavados em água corrente, deslamados, peneirados a 2 mm e concentrados em bateia. No laboratório, o concentrado de minerais pesados foi processado em: ultrassom (limpeza e liberação de partículas agregadas); imã de ferrite (separação da magnetita e pirrotita); bromofórmio (separação de quartzo, feldspato e outros minerais leves); e separador magnético isodinâmico Frantz em 0,3 e 0,5A (separação da ilmenita dos outros minerais). Os grãos foram descritos em estereomicroscópio e selecionados para a confecção de seções polidas, posteriormente estudas em MEV-EDS. Em geral, a ilmenita mede entre 250 μm e 1 mm, é preta, exibe brilho metálico, ocorre em grãos anédricos e, mais raramente, em bases pseudo-hexagonais e pode apresentar uma fina capa ou aglomerados de pequenos grãos em sua superfície (alterações). Foram separados dois tipos de grãos para estudo por MEV-EDS: (i) limpos e sem porções alteradas, que foram utilizados na obtenção da composição química e estudo das inclusões; e (ii) com feições de alteração secundária para estudo das transformações intempéricas. Os grãos de ilmenita apresentam frequentemente inclusões de quartzo, feldspato, biotita, titanita e zircão, enquanto cassiterita, esfalerita, badeleita, apatita, carbonato, titanita, pirita, galena, monazita, uraninita e scheelita são mais raros. A ilmenita (FeTiO3) admite a substituição de Fe+2 por Mg, Mn e Zn, bem como de Ti+4 por Si, enquanto a entrada de Nb, Ta e Al requer um equilíbrio mais complexo. Em relação à composição química, os teores de Fe2+ e Fe3+ foram calculados visando obter: (i) proporção dos membros finais, representados por ilmenita, geikielita (MgTiO3), pirofanita (MnTiO3) e ecandrewsita (ZnTiO3); (ii) identificar a presença de moléculas de hematita (Fe2O3), que ocorrem quando há excesso de Fe3+ na estrutura da ilmenita. Nos grãos estudados o membro final predominante é ilmenita, enquanto pirofanita atinge até 15%. Mg e Zn normalmente estão ausentes ou são muito raros. A alteração da ilmenita para óxidos com diferentes conteúdos de Ti e Fe (com ou sem impurezas como Al, Cr e Mn) ocorre a partir de fraturas radiais, onde transcorre a saída de Fe da estrutura da ilmenita para a formação de diminutos grãos de hematita. Se esse processo evoluir, o Fe pode ser retirado quase que completamente e o produto final corresponder a óxido de Ti (rutilo, brookita, anatásio). Grãos diminutos de columbita-tantalita dentro da ilmenita podem corresponder a produtos de exsolução, pois Nb e Ta podem estar na estrutura desse mineral.

Palavras Chave

Ilmenita; pegmatito; exsoluções; Província Pegmatítica.

Área

TEMA 20 - Mineralogia e Petrologia Metamórfica

Autores/Proponentes

Stephanie Oliveira Silva, Ciro Alexandre Avila, Fabiano Richard Leite Faulstich, Reiner Neumann, Maurício Bulhões Simon, Maria Helena Bezerra Maia Hollanda, João Adauto Souza Neto