51º Congresso Brasileiro de Geologia

Dados da Submissão


Título

OLHE PARA BAIXO! VOCÊ ESTÁ PISANDO NO PASSADO! INTERPRETAÇÃO AMBIENTAL PARA A PRÁTICA DO GEOTURISMO NO GEOSSÍTIO SERRANO (LENÇÓIS/BA)

Texto do resumo

O geoturismo, seja o conceito pelo viés geológico ou pelo geográfico, necessita de informação de fácil acesso para os visitantes. A interpretação ambiental é essencial para que a prática do geoturismo aconteça e, a partir dela, que se torne possível desenvolver medidas de geoconservação em diferentes contextos. Uma vez que a relação entre os aspectos abióticos e o turismo é complexa, no geoturismo a pesquisa em geociências assume um papel de ponto de partida, mas à medida em que a prática se torna turística precisa ser estruturada com uma linguagem acessível ao público leigo. A interpretação ambiental é uma estratégia de comunicação que auxilia a compreensão e a decodificação das características naturais e culturais, sendo capaz de revelar significados e provocar conexões entre o público e o patrimônio protegido. Portanto, a existência de variados meios interpretativos que informem as características abióticas da natureza e as relacionem com os aspectos bióticos e culturais é fundamental para a prática do geoturismo. Esta pesquisa tem como objetivo sugerir um texto-base para meios interpretativos não personalizados (painéis interpretativos, folders, mapas, trilhas autoguiadas...) do geossítio Serrano, localizado no Parque da Muritiba, coração do município de Lençóis, na região turística da Chapada Diamantina/BA. As “jacuzzis” naturais, esculpidas pelo rio Lençóis nos conglomerados mesoproterozoicos da Formação Tombador, são uma atração para os turistas que buscam lazer e desenvolvem atividades como banho de rio, caminhadas e contemplação da natureza. Além das marmitas e outras estruturas produzidas pela erosão fluvial, o geossítio também se destaca geologicamente como uma das melhores exposições dos conglomerados desta unidade da Chapada Diamantina. Além do alto valor turístico, pedagógico e científico, esse geossítio possui relação com a história da mineração. Lençóis, cujo conjunto arquitetônico e paisagístico foi tombado pelo IPHAN (1973), foi a capital das Lavras Diamantinas (Andaraí, Lençóis, Mucugê e Palmeiras) e todo o casario colonial foi desenvolvido a partir dos diamantes que eram garimpados, num primeiro momento, no fundo das marmitas do rio Lençóis. O garimpo, ao longo de 150 anos, foi se transformando com a inserção da mecanização antes do fim do seu terceiro ciclo de exploração no final do século passado. Visando superar a dificuldade em comunicar aspectos da natureza abiótica e obter sucesso com o planejamento do atrativo, a narrativa do texto para os turistas inclui informações sobre a textura das rochas sedimentares, o processo erosivo que gerou as cavidades naturais, a cor da água e a história do garimpo de diamantes. Essas características consideraram o valor estético, a visibilidade, compreensão e a observação de fenômenos geológicos, adotando linguagem adequada e ajustada ao conhecimento do perfil do visitante.

Palavras Chave

interpretação ambiental; Geoturismo; Geossítio; cultura; geoconservação.

Área

TEMA 04 - Geodiversidade, Geoturismo e Geoconservação

Autores/Proponentes

Natália Augusta Rothmann Eschiletti, Gilson Burigo Guimarães, Matheus Ariel Battisti