51º Congresso Brasileiro de Geologia

Dados da Submissão


Título

USO DE ÍNDICES DE POLUIÇÃO PARA METAIS EM ÁGUAS DE CONSUMO HUMANO: ESTUDO DE CASO EM MINERAÇÃO ARTESANAL AURÍFERA NO RS

Texto do resumo

A mineração artesanal de Au em pequena escala é uma atividade responsável por cerca de 20% da produção de Au no mundo, com a separação do ouro sendo feita muitas vezes por amálgama de Hg. Esta forma de extração polui extensas áreas e ecossistemas com metais potencialmente tóxicos, não biodegradáveis, trazendo efeitos negativos a longo prazo e impactando a economia e a vida humana. Em Lavras do Sul, no sudoeste do Rio Grande do Sul, a extração garimpeira de Au-Cu-Ag ocorreu por quase três séculos, no chamado Distrito Aurífero de Lavras do Sul (DALS) e terminando na década de 1980. As pilhas de rejeito ainda se encontram dispostas nestes terrenos, atualmente utilizados para atividades agropastoris. Os objetivos desta pesquisa foram avaliar a persistência da contaminação nas áreas mineradas abandonadas e avaliar o método de quantificação mais adequado para mensurar os níveis de poluição por metais em poços de água na região. A metodologia consistiu na coleta e análise de água de dez poços caseiros (cacimbas) e tubulares, repetidas em duas campanhas de campo consecutivas, uma em período seco (dezembro/2022) e outra em período chuvoso (julho/2023). Nas etapas analíticas, 16 metais foram analisados por espectrometria de emissão atômica por plasma acoplado indutivamente (ICP-OES). Os índices de poluição por metais utilizados foram o Heavy Metal Pollution Index (HPI) e Heavy Metal Evaluation Index (HEI) para todas as amostras dos dois campos. Ambos consistem em cálculos baseados no Valor Máximo Permitido (VMP) para potabilidade. A diferença entre os índices está no fato do HEI considerar mais poluídas as amostras cuja concentração dos elementos ultrapasse o VMP, enquanto o HPI atribui maior peso aos elementos com menor VMP, então mesmo em baixas concentrações os elementos de maior peso tornarão as amostras mais poluídas. A diretriz de referência neste estudo foi da Organização Mundial de Saúde para o ano de 2017. Dentre os metais quantificados para o cálculo dos índices, sete foram selecionados devido aos seus potenciais tóxicos para as águas de consumo: Fe, Al, As, Cd, Pb, Cr e Cu. Os níveis de poluição dos dois índices são divididos em três classes: HEI tem baixa poluição até 10, média poluição entre 10 e 20 e poluição alta se superior a 20. O índice HPI tem baixa poluição se inferior a 15, média entre 15 e 30 e alta a partir de 30. Os resultados indicam diferenças substanciais nos níveis de poluição para as mesmas amostras dentro da mesma campanha amostral, inclusive modificando o patamar de poluição, como o caso da amostra LS16_c1, cujo nível HEI indica poluição baixa (<5) enquanto o HPI indica poluição alta (>200). A variabilidade entre os resultados do HPI e do HEI neste ponto é expressa pela razão HPI/HEI, que neste caso possui valor de 56,11. Para o HEI, 90% das amostras têm baixa poluição e portanto, são adequadas para consumo nesta primeira campanha de campo, enquanto o HPI indica 60%. Na segunda campanha, HEI indica 70% e HPI 90%. O HPI mostrou-se um método mais eficiente e sensível para medir poluição em amostras de baixas concentrações iônicas, à medida que atribui pesos diferentes aos metais, que mesmo em baixas concentrações oferecem mais riscos de toxicidade ao consumo humano. Este estudo evidencia a necessidade de uma análise criteriosa na seleção do método de avaliação de poluição devido à alta variação do diagnóstico, ainda mais se tratando de potabilidade e de métodos utilizados mundialmente.

Palavras Chave

Hidrogeoquímica; HEI E HPI; DISTRITO AURIFERO DE LAVRAS DO SUL

Área

TEMA 07 - Geoquímica Médica e Forense

Autores/Proponentes

Marina Thimotheo, Ricardo Perobelli Borba, Francisco M W Tognoli