51º Congresso Brasileiro de Geologia

Dados da Submissão


Título

REATIVAÇÃO TECTÔNICA DURANTE O NEOCRETÁCEO-PALEÓGENO NA PORÇÃO CENTRO-SUL DA BACIA DE SANTOS (MARGEM SUDESTE DO BRASIL)

Texto do resumo

A evolução da margem sudeste do Brasil envolveu no Neocretáceo um evento importante de soerguimento na região emersa adjacente à Bacia de Santos, que provocou um aumento significativo do aporte sedimentar, com criação de espaço de acomodação associado, representado pela espessa seção progradacional da Formação Jureia. No Paleógeno, desenvolveu-se nessa região o Rift Continental do Sudeste do Brasil, extensa depressão tectônica de orientação NE-SW que abriga bacias sedimentares preenchidas por depósitos continentais, compartimentadas por zonas transversais reativadas durante o Neógeno e o Quaternário. A partir do Neocretáceo, a evolução da Bacia de Santos é relacionada à fase drifte, pós-sal (pós-breakup), intervalo em que as feições tectônicas observadas são atribuídas normalmente à “tectônica do sal”, embora alguns autores discutam evidências de reativações tectônicas. O presente trabalho apresenta evidências da reativação tectônica durante o intervalo Neocretáceo-Paleógeno na porção centro-sul da Bacia de Santos. Para o desenvolvimento do estudo, foram utilizados dados sísmicos 2D e de poços, em duas etapas principais: i) construção de mapas de contorno estrutural de horizontes-chaves (base do sal, topo do sal e uma discordância paleogênica selecionada); e ii) interpretação tectonoestratigráfica em seções símicas selecionadas. Os mapas produzidos mostram uma compartimentação estrutural semelhante, o que indica um controle persistente durante a evolução tectônica da bacia desde o pré-breakup até a sua fase drift. Foram individualizados na área de estudo dois domínios tectônicos principais (Noroeste e Sudeste), limitados por uma falha NE-SW com mergulho para NW e componente vertical normal. Esta falha desloca a base do sal e estende-se até a superfície paleogênica mapeada. O domínio Noroeste, onde ocorrem os principais depocentros do Neocretáceo (Formação Jureia) e do Paleógeno, corresponde a uma extensa região rebaixada com orientação NE-SW e compartimentada por trends NW-SE. Um trend NW-SE também é observado no domínio Sudeste, limitando dois setores. No setor a leste dessa estrutura, observa-se uma região elevada controlada por uma falha normal NE-SW, que desloca a base do sal e estende-se até o fundo marinho. Já o setor a oeste do trend NW-SE corresponde a uma feição de gráben, com sal na base e preenchido por espessos pacotes sedimentares do Neocretáceo e Paleógeno, com evidente crescimento de seção. Essa feição encontra-se limitada por falhas normais que se estendem desde o embasamento até os depósitos do Neocretáceo-Paleógeno. As falhas anteriormente descritas foram relacionadas a estruturas importantes da Bacia de Santos (Falha de Cabo Frio, limite norte do Alto Externo, falhas que limitam o rift abortado Abimael). Essas estruturas encontram-se, portanto, reativadas como falhas de componente vertical normal, rebaixando o sal e controlando os depocentros das sucessões sedimentares pós-sal. Tais reativações são compatíveis com eventos tectônicos ocorridos na margem continental emersa adjacente.

Palavras Chave

Neocretáceo; Paleógeno; Reativação Tectônica; Bacia de Santos; Margem Sudeste do Brasil

Área

TEMA 17 - Tectônica e Evolução Geodinâmica

Autores/Proponentes

Thaís Coelho Brêda, Claudio Limeira Mello, Jorge de Jesus Picanço de Figueiredo