Dados da Submissão

Título

JANELA ESTRUTURAL ALGODOEIRO, DIAMANTINA-MG: NOVA EXPOSIÇÃO DO EMBASAMENTO DO ORÓGENO ARAÇUAÍ

Texto do resumo

A área de estudo está situada no compartimento geotectônico neoproterozoico Cinturão de Cavalgamentos da Serra do Espinhaço Meridional, Orógeno Araçuaí. Durante o trabalho de mapeamento geológico, em escala 1:25.000, na região da comunidade de Algodoeiro, Diamantina – MG, foram identificados, de forma inédita, metagranitoides que foram informalmente denominados neste trabalho como “Janela Estrutural Algodoeiro”. Essas rochas compreendem o embasamento da sequência metassedimentar do Supergrupo Espinhaço, que ocorre na região, e afloram na forma de uma janela estrutural-erosiva, em uma área mínima de 3,7 km², podendo se estender para sudeste da área mapeada. Os metagranitoides afloram como lajedos próximos às drenagens, são de cor cinza claro à escuro e encontram-se majoritariamente deformados. Os mais deformados possuem granulação fina a média, e os menos deformados dispõem de granulação média a grossa. Apresentam textura milonítica, filonítica com mineralogia variável, e composições sieníticas à monzograníticas. No microscópio petrográfico foi identificada como mineralogia principal quartzo (8 – 30%), K-feldspato (28 – 40%), plagioclásio (5 – 30%), muscovita (3 – 20%) e biotita (5 - 8%). Como mineralogia secundária sericita (2%), clorita (2%) e turmalina (0 - 8%) e epidoto (3%), como acessórios ocorrem minerais opacos, apatita, rutilo e zircão. Os cristais de K-feldspato abrangem microclina, com macla tartan, ortoclásio com maclas Carlsbad, e anortoclásio, e constituem cristais subidioblásticos, ora fraturados e em subgrãos, com textura pertítica e comumente sericitizados. Os cristais de plagioclásio são subidioblásticos, com maclas polissintéticas, e alterações do tipo saussuritização. O quartzo ocorre majoritariamente em cristais xenoblásticos com extinção ondulante, por vezes alongados e em bandas ou como subgrãos. A muscovita, majoritariamente, é produto da alteração dos K-feldspato e, assim como a turmalina, sugerem um metamorfismo dinâmico na presença de fluidos. Dentre as texturas destacam-se: porfiroclástica com porfiroclastos de K-feldspato e plagioclásio, que normalmente encontram-se rotacionados formando sigmoides e sombras de pressão; lepidoblástica formada principalmente por bandas de muscovita contornando os porfiroclastos; e poiquiloblástica, com cristais de quartzo e plagioclásio inclusos em K-feldspato e, pontualmente, cristais de quartzo inclusos em plagioclásio. Exposições de embasamento são registradas em diversas porções do Orógeno Araçuaí. Cerca de 15 Km à leste da área de estudo encontra-se o Bloco Guanhães, onde estão expostos gnaisses e metagranitoides de 3.1 à 2.0 Ga. A proximidade geográfica sugere que a Janela Estrutural do Algodoeiro possa ser um apêndice do Bloco Guanhães. Nesse contexto, as rochas aqui identificadas mostram similaridades petrográficas com o Plúton Amaros (c. 2.9 Ga), Suíte Dom Joaquim (c. 2.7 Ga) e Plúton Mercês (c. 2.01 Ga). Ainda, cerca de 30 km à sudoeste da área em estudo, ocorrem as rochas do Complexo Gouveia, cujas rochas aqui identificadas mostram similaridades petrográficas com os leucogranitos de 1.8 Ga. Considerando que as rochas aqui estudadas mostram similaridades com diversos metagranitoides já identificados no contexto geológico regional, para avançar na discussão sobre o significado tectônico da Janela Estrutural do Algodoeiro é necessário um maior detalhamento, baseado, principalmente, em dados geoquímicos e geocronólogicos.

Palavras Chave

Orógeno Araçuaí; Diamantina; Bloco Guanhães; Complexo Gouveia; Supergrupo Espinhaço.