51º Congresso Brasileiro de Geologia

Dados da Submissão


Título

RELAÇÕES QUÍMICO-MINERALÓGICAS NA FORMAÇÃO BARRA VELHA (PRÉ-SAL, BACIA DE SANTOS) IDENTIFICADAS POR ANÁLISES DE ARGILOMINERAIS E DE ISÓTOPOS DE HIDROGÊNIO E OXIGÊNIO

Texto do resumo

O intervalo pré-sal da Bacia de Santos contém reservatórios significativos de
hidrocarbonetos em rochas carbonáticas lacustres, caracterizados por uma
complexa distribuição da porosidade e permeabilidade. Os depósitos in situ são
compostos por intercalações de matriz de argilominerais magnesianos e
agregados calcíticos, enquanto os intervalos retrabalhados são constituídos por
fragmentos desses depósitos com rara matriz. Distribuição e preservação da
matriz nas fácies in situ foi condicionada por fatores como salinidade, pH, razão
Mg/Si, temperatura, input de minerais detríticos e matéria orgânica. Processos
diagenéticos, como a silicificação e a dissolução da matriz, possuem grande
impacto sobre a porosidade das rochas, justificando uma investigação
geoquímica e mineralógica de detalhe. Com este objetivo, foram avaliadas a
composição mineralógica por difração de raios-X (DRX) e elementos maiores por
fluorescência de raios-X (FRX), juntamente com análises petrográficas em 91
amostras em um intervalo de 46 m da Formação Barra Velha. A identificação das
espécies de argilominerais foi realizada por meio de técnicas de espectrometria
de infra-vermelho por transformada de Fourier (FTIR) e DRX, associadas a
tratamentos químicos/térmicos sobre a fração < 2 µm. Dados isotópicos de δD e
δ18O foram obtidos de diferentes amostras, incluindo cherts, argilas tipo kerolita
(Kr), Mg-esmectita (Sme) e interestratificados Sme-Kr, além de δ18O de calcitas e
dolomitas. O intervalo analisado apresenta três seções distintas: as seções basal
e superior apresentam principalmente fácies in situ, maiores valores de SiO2,
MgO e Na2O, e a ocorrência de Kr e Sme; e na seção intermediária, onde
predominam fácies retrabalhadas, maiores valores de K2O relacionados a micas
e feldspatos detríticos, e a presença de interestratificados ilita-esmectita. A
avaliação de detalhe por DRX resultou na identificação de hectorita como a
principal espécie de Sme, com menor ocorrência de estevensita e saponita. Os
isótopos dos argilominerais exibem baixa dispersão de δD e δ18O (δDV-SMOW = -
36,7‰ a -19,2‰; δ18OV-SMOW = 17,2‰ a 22,7‰), enquanto nos cherts os valores
de δD apresentam maior dispersão (δDV-SMOW = -79,0‰ a 13,5‰). Os valores de
δ18O em cherts, calcitas e dolomitas têm baixa dispersão e são mais altos que o
dos argilominerais (δ18OV-SMOW = 28,4‰ a 35,6‰). A influência da silicificação
sobre as argilas é indicada pela forte correlação negativa de δD com a
quantidade de quartzo obtida por DRX (r²=0,89). Uma forte correlação negativa
também é identificada entre δD e (Al+Fe+Ti+K)/Mg (r²=0,98) nas amostras com
Sme e Sme-Kr, sugerindo a relação destas espécies com input de minerais
detríticos enriquecidos nestes elementos. Os valores de δ18O nos argilominerais
são próximos aos encontrados em argilominerais magnesianos da Bacia de
Madri, mas os valores de δD são mais altos que os daquela bacia, sendo
compatíveis com ambientes mais salinos. Resultados indicam que a
recristalização da calcita e a formação de dolomita e sílica ocorreram por
processos diagenéticos posteriores à formação dos argilominerais, em
concordância com as relações petrográficas, ademais, as espécies de
argilominerais identificadas e sua composição isotópica sugerem um ambiente
deposicional lacustre com alta salinidade.

Palavras Chave

pre-sal; lacustre alcalino; argilas magnesianas; autigênese; alteração diagenética

Área

TEMA 08 - Sistemas petrolíferos, exploração e produção de hidrocarbonetos

Autores/Proponentes

Thiago Friedrich Haubert, Argos Belmonte Silveira Schrank, Thisiane Christine dos Santos, Sabrina Danni Altenhofen, Mariane Cristina Trombetta, Jaques Soares Schmidt, Márcio Roberto Wilbert de Souza, Lennon Claas, Guilherme Annes Martinez, Amanda Goulart Rodrigues, Luiz Fernando De Ros, Rosalia Barili da Cunha