51º Congresso Brasileiro de Geologia

Dados da Submissão


Título

Texturas características de titanita de baixa temperatura

Texto do resumo

A titanita é um silicato de cálcio (CaTiSiO5) comum em rochas metamórficas, cristaliza no sistema monoclínico da classe prismática e incorpora U e Th em sua estrutura . Esse mineral tende a ser mais reativo do que outros petrocronômetros por ser mais suscetível a reações de médio a alto grau e por esta razão a titanita é muito utilizada na petrocronologia. Por esse comportamento geoquímico, grãos individuais de titanita podem sofrer processos de dissolução e recristalização durante sua evolução metamórfica. Isso ressalta a importância de identificar estas feições por meio de características petrográficas, atribuindo-lhes valor petrocronológico. A determinação da temperatura de formação da titanita classicamente utiliza geotermometria Zr-in titanite, que funciona para temperaturas elevadas. Assim, titanitas de baixa-média temperatura são pouco estudadas. Características texturais das titanitas de baixa T, incluem: coroas de reação ao redor de ilmenita, inclusões na biotita e hornblenda ou ilmenitas em desequilíbrio com a titanita. Este estudo visa identificar texturas de titanitas de baixas T, uma vez que existe uma carência de dados na literatura geológica sobre esse tipo de titanita. Visando compreender melhor as características da titanita de baixa T, selecionou-se uma amostra de cloritito com titanita, cuja temperatura de cristalização da clorita associada, tem valores próximos a 300 °C. A amostra foi coletada próximo ao contato entre o Complexo Granítico Caçapava do Sul e o Complexo Passo Feio, localizado na porção central do Cinturão Dom Feliciano (RS). Realizou-se a descrição petrográfica em lâmina delgada deste cloritito e então a moagem da amostra, seguido pela separação magnética e pela montagem de um mount. Foram obtidas imagens em elétrons retro espalhados (BSE) utilizando Microscopia Eletrônica de Varredura (MEV), que revelaram dolomita com inclusões de calcita, titanita, rutilo e de biotita parcialmente cloritizada e zonações distintas e complexas. Observou-se feições de crescimento incompleto de titanita anédrica, através do consumo parcial de rutilo, este apresentando textura esqueletal. O exame das imagens BSE nas titanitas da lâmina mostra zonas mais claras, com setores mostrando tonalidades cinza clara (brilhantes), enquanto outros mostram tonalidades cinza escuro. Isso acontece devido a variação dos elementos de elevado peso atômico, que ocorrem em função do fracionamento dos Elementos Terras Raras (ETRs) durante o metamorfismo, como por interações com fluidos hidrotermais ou metassomáticos. A identificação de texturas na forma de agregados de grãos anédricos e subédricos de titanita indica que este mineral sofreu dissolução e precipitação, pois a rocha hospedeira era originalmente um biotita granito que sofreu intensa cloritização. A presença de inclusões de biotita (cloritizada) e rutilo nas titanitas indica uma origem ligada a interação de fluidos hidrotermais-metassomáticos com o granito. Titanitas cristalizadas a partir de um magma granítico, tipicamente mostram características magmáticas com formas euédricas a subédricas, assim como apresentar uma zonação concêntrica ou em setores. Porém, os grãos estudados mostram zonações de dissolução-reprecipitação e zonações em setores. Conclui-se que as texturas das titanitas, do cloritito, principalmente com zonação manchada em grãos anédricos com inclusões de biotita cloritizada e rutilo, são de origem hidrotermal-metassomática de baixa temperatura.

Palavras Chave

titanita; geocronologia; hidrotermalismo; metamorfismo; geotermometria

Área

TEMA 18 - Geocronologia e Geoquímica Isotópica

Autores/Proponentes

Eduarda Klabunde, Marcus Vinicius Dorneles Remus, Daniel Rosa Madruga, Guilherme Sonntag Hoerlle