51º Congresso Brasileiro de Geologia

Dados da Submissão


Título

VARIAÇÃO TEXTURAL E COMPOSICIONAL EM CRISTAIS DE GRANADA EM METATEXITO PARADERIVADO DO NÚCLEO ARQUEANO SÃO JOSÉ DO CAMPESTRE, PROVÍNCIA BORBOREMA SETENTRIONAL.

Texto do resumo

A granada, uma fase resiliente e comum no metamorfismo, que é capaz de preservar a história metamórfica através variação composicional. No presente trabalho, cristais de granada em metatexito paraderivado do Núcleo Arqueano São José do Campestre, porção norte da Província Borborema foram estudados em diferentes domínios estruturais. Amostras de leucossoma e do resíduo de fusão, foram descritos através de microscopia óptica e eletrônica, em que foram confeccionados mapas para elementos maiores por espectrometria de energia dispersiva de raios-X (EDS). O metatexito possui foliação gnáissica com estruturas anatéticas estromáticas e leucossomas interconectados em rede. O resíduo é constituído predominantemente por quartzo, plagioclásio, feldspato potássico, granada, biotita e minerais opacos. O leucossoma é composto por quartzo, microclínio, plagioclásio (20-22%An), granada e, subordinadamente, biotita. A granada presente nas amostras foi capaz de preservar bem algumas texturas que refletem as suas condições de formação. A granada presente no leucossoma, interpretada como produto peritético das reações de fusão, apresenta tamanhos de 2,5-5,5mm. São majoritariamente anédricas, com alguns poucos grãos subédricos. Pode apresentar inclusões de quartzo, plagioclásio (20-22%An) e opacos subédricos, além de monazita, zircão, xenotima e cristais ocasionais de biotita marrom euédrica, ambos os tipos de inclusões localizados na parte central do mineral. Há a ocorrência de biotita com textura de corona em torno da granada com tonalidades que variam do castanho e, em sua maioria, esverdeado, evidenciando um evento de retrometamorfismo. Os cristais de granada na parte residual possuem tamanhos que variam de 2,0- 4,5 mm, predominantemente euédricas e bastante fraturados. Podem apresentar inclusões de minerais opacos e quartzo, que podem ocorrer por toda a extensão interna do mineral. Também apresenta biotita em suas bordas, que possui tons que variam entre castanho e verde, que também se aproveitam das fraturas do mineral para cristalizar, e há também a ocorrência de opacos na mesma região. Os mapas composicionais obtidos indicam que a granada do leucossoma possui um zoneamento composicional marcado pelo empobrecimento de Mg (piropo) do centro para a borda e, em contrapartida, um enriquecimento de Fe (almandina) no mesmo sentido. Nas extremidades é possível observar um aumento repentino de Mn (espessartita), sugerindo processo de reabsorção por dissolução, que é corroborado pelas texturas de substituição por biotita nas bordas. Na porção residual do metatexito os cristais de granada não apresentam variações composicionais expressivas apresentando um padrão planar de distribuição dos elementos maiores. Portanto, é possível afirmar que as texturas e composições químicas dos cristais de granada são controladas pelo domínio estrutural em que estão inseridos. Grãos relacionados às porções residuais são homogêneos composicionalmente, mostrando difusão efetiva durante o metamorfismo. Por outro lado, cristais que interagiram com o líquido apresentam padrões composicionais que podem estar relacionados ao processo de resfriamento do líquido, mostrando assim uma trajetória retrometamórfica, incluindo a desestabilização do cristal em presença de água, com a cristalização de biotita esverdeada na borda e picos de espessartita.

Palavras Chave

MEV-EDS; Metatexito paraderivado; Metamorfismo arqueano; Província Borborema Setentrional

Área

TEMA 20 - Mineralogia e Petrologia Metamórfica

Autores/Proponentes

Arthur Araújo da Silva, Richelle Paula de Souza, Rafael Golçalves da Motta, Sheila Schuindt, Zorano Sérgio de Souza