51º Congresso Brasileiro de Geologia

Dados da Submissão


Título

O SISTEMA DE LEQUES DELTAICOS DO APTIANO DA BACIA DE ALAGOAS (AL): CARACTERIZAÇÃO E DISTRIBUIÇÃO FACIOLÓGICA

Texto do resumo

A Bacia Alagoas, junto com a Bacia Sergipe, representa a mais completa sucessão estratigráfica entre as bacias marginais brasileiras, registrando desde a ruptura do Gondwana até a formação do oceano Atlântico, passando por diferentes estágios evolutivos: sinéclise Paleozóica, pré-rifte, rifte, transicional e drifte. Na fase rifte, durante o Aptiano, ocorreu a deposição da Formação Poção, composta por ortoconglomerados oligomíticos de leques aluviais de borda de falha. Intercalada a Formação Poção, teve início a deposição da Formação Maceió, constituída em grande parte por conglomerados, arenitos, argilitos, folhelhos e evaporitos, caracterizando leques deltaicos e "turbiditos" de prodelta. Para este estudo, foram realizadas descrições de fáceis e perfis sedimentológicos de uma área a norte da bacia Alagoas. No total, foram realizados seis perfis verticais em escala de detalhe de 1:50. Cada perfil sedimentar está pareado a um perfil gamaespectométrico adquirido a partir de medições em CPS (Cintilações Por Segundo) em intervalos regulares de 10 cm. Alto ou baixo valor de CPS sugerem arenitos “sujos” ou “limpos”, respectivamente, de acordo com o conteúdo de lama. As tendências de distribuição de sedimentos foram obtidas por medidas de paleocorrentes. Dessa maneira, foram classificadas treze fácies sedimentares: F1, exclusiva da Formação Poção, composta por um ortoconglomerado oligomítico de seixos a blocos com composição graníticas; F2, arenitos de granulação variando de areia grossa a grânulo, apresentando estrutura maciça, estratificação cruzada tangencial, e diversas estruturas de deformação de sedimentos inconsolidados; F3, siltitos e argilitos laminados; F4, siltitos eventualmente com presença de escamas, bivalves e fragmentos vegetais e de carvão; F5, folhelhos com presença de peixes fósseis, conchostráceos e fragmentos vegetais; F6, arenitos de granulação média a grossa, com estratificação plano paralela; F7, arenitos de granulação fina com estratificação cruzada tangencial; F8, arenitos de granulação muito grossa a grânulo, com presença de estratificação cruzada acanalada e seixos e blocos de argilitos; F9, arenitos de granulação muito fina a fina, com estratificação plano paralela, ripples e flames no topo das camadas. As camadas são erosivas (amalgamadas), com presença de intraclastos pelíticos no topo e apresentam estrutura maciça; F10, conglomerados intraformacionais; F11, arenitos de granulação grossa a muito grossa, com ripples na base e apresentando camadas amalgamadas no topo, com intraclastos de argila; F12, heterolitos variando de siltitos a arenitos finos, com fragmentos vegetais, ripples, flames e marcas de carga e estratificação plano paralela; F13, com arenitos variando de granulação média a grossa, com estrutura maciça, apresentando estrutura flames, balls and pillows, ripples e marcas de carga, contendo fragmento vegetais e intraclastos pelíticos. O sistema deposicional teve início com a deposição de leques aluviais, em condições áridas a semi-áridas, com a deposição da fácies F1. Estes depósitos lateralmente evoluíram para leques deltaicos (fácies F2, F6 e F8) que progradaram em um sistema lacustre. Parte destes sistemas de leques foram parcialmente retrabalhados pela ação de ventos, gerando dunas 3D de médio porte (fácies F7) enquanto parte foram inundadas pelo sistema lacustre (fácies F4 e F5). No sistema de prodelta, fluxos hiperpicnais (fácies F9 a F13) dominaram a sedimentação subaquosa do sistema lacustre.

Palavras Chave

delta; Fácies; Formação Maceió; Reservatório; Sedimentologia.

Área

TEMA 21 - Estratigrafia, Sedimentologia e Paleontologia

Autores/Proponentes

Dayanne Fonseca Dantas, Nayara Rodrigues Silva Souza, Claus Fallgatter, Mário Ferreira Lima Filho