51º Congresso Brasileiro de Geologia

Dados da Submissão


Título

Imageamento Geofísico para Descomissionamento de Barragem de Rejeito: Barragem de Rejeitos Serra Grande – Estado de Goiás-Brasil

Texto do resumo

O Brasil está enfrentando um desafio único no mundo: o descomissionamento seguro de 74 barragens de rejeitos em menos de uma década. Após dois rompimentos mais relevantes de barragens de rejeitos, Fundão e Brumadinho, ambos localizados no estado de Minas Gerais (SE), a Agência Nacional de Mineração (ANM) aprovou muitas mudanças na estrutura de regulamentação da gestão de barragens, incluindo o descomissionamento obrigatório de barragens de rejeitos de elevação à montante. Conforme definido nos regulamentos, a empresa é a responsável pela segurança dessas estruturas em todas as etapas do projeto: planejamento, execução e pós-execução (monitoramento).
O descomissionamento de uma barragem de rejeitos é um problema muito complexo e pode resultar em riscos de danos ou ruptura ainda maiores do que sua operação ou manutenção. Se as várias variáveis relacionadas aos parâmetros de estabilidade da estrutura não forem devidamente consideradas, o processo de descomissionamento pode trazer muitos riscos a um processo que, em sua essência, visa garantir a segurança dos complexos mineiros e da região de influência. Entre os parâmetros a serem considerados no projeto de descomissionamento, a geofísica pode dar suporte a um dos principais, que é eficientemente inferido por métodos acústicos de aquisição terrestre: Inferência da rigidez dos materiais constituintes das principais estruturas, sendo elas, a crista, o barramento, o reservatório e as ombreiras utilizando a Análise Multicanal de Ondas de Superfície (MASW) ativa e passiva.
A barragem de rejeitos de Serra Grande, principal locação deste trabalho, pertence ao Complexo de Mineração de Serra Grande (MSG) e está localizada na cidade de Crixás, porção norte do estado de Goiás, região centro-oeste do Brasil. A barragem de rejeitos de Serra Grande é uma barragem de elevação a montante com 92 m de altura, comprimento de 1210 m, com volume estimado de 17 Mm³, armazenando rejeitos ciclonados, partículas compactadas e estéreis na fração silte-arenosa. A barragem armazena, essencialmente, rejeitos da produção de ouro. Em setembro de 2021, o lançamento de rejeitos foi interrompido e o processo de descaracterização foi oficialmente iniciado.
As técnicas ativas e passiva do MASW (Multichannel Analysis of Surface Waves), inferem a estrutura 1D da velocidade sísmica Vs (velocidade da onda S, onda de cisalhamento ou transversal), sendo determinada através de um arranjo de geofones. Cada base sísmica deu origem a um perfil 1D de Vs, com análise conjunta dos dados MASW-ativos e passivos. Para esta aquisição o sistema de campo permitiu a criação de um modelo 1D de Vs a cada 60 metros ao longo das linhas e a malha permitiu a geração de um modelo 3D da distribuição de Vs ao longo das principais estruturas.
Os modelos 2D e 3D do conjunto de dados MASW permitiu uma avaliação detalhada do comportamento de Vs nas seções tipo, e ao longo de todo maciço e reservatório da estrutura. De posse do modelo foi ainda possível separar porções da estrutura pela classificação de materiais em função de Vs UBC Vs30 que classifica entre solo inconsolidado, solo consolidado, solo muito denso e rocha. Além das inferências de rigidez, o MASW será utilizado como base para o monitoramento da Interferometria Sísmica de Ruído Ambiente (ANSI), uma vez que a variação de Vs agora tem uma referência inicial medida para monitorar todas as intervenções durante todo o processo de descomissionamento.

Palavras Chave

monitoramento; Barragens de rejeito; Geofísica

Área

TEMA 03 - Risco Geológico, Geologia de Engenharia e Barragens

Autores/Proponentes

Alan de Souza Cunha, Marco Antonio da Silva Braga, Lucas Locatelli de Azeredo, Patrick Francisco Führ Dal’Bó, Emilio Velloso Barroso, Lara de Oliveira Gomes, Filipe Ferreira da Costa, Marina Arruda , Pedro Henrique Rocha Xavier Freitas