51º Congresso Brasileiro de Geologia

Dados da Submissão


Título

RADIOLÁRIOS DA FORMAÇÃO CRATO (BACIA DO ARARIPE): OCORRÊNCIA E IMPLICAÇÕES PALEOCEANOGRÁFICAS

Texto do resumo

A ocorrência de radiolários no registro fóssil do Cretáceo é condicionada à preservação de suas carapaças originalmente silicosas, em ambientes normalmente insaturados em sílica, o que torna esta preservação mais uma exceção do que uma regra. Comumente, a substituição por carbonato de cálcio, pirita ou óxido de ferro possibilitam esta preservação, em grau de qualidade muito variável. Em ambientes recentes, a ocorrência e preservação dos radiolários é majoritariamente associada à alta produtividade em águas profundas e ambiente pelágico, ou fiordes e golfos profundos, próximo ou abaixo da CCD. No registro fóssil, radiolários ocorrem em uma gama diversa de paleoambientes, sem associação direta com o fator profundidade, e sim à produtividade das massas de água. Do Paleozoico ao Cretáceo, condições paleoceanográficas diferenciadas propiciaram a ocorrência de radiolários em ambientes mais rasos, relacionados à alta produtividade, e fertilidade de águas superficiais. São reportadas significativas ocorrências de radiolários em ambientes costeiros rasos e marginais em diversas bacias no mundo. No Brasil, é conhecida a ocorrência de radiolários nas bacias costeiras, em paleoambiente oceânico, do Albiano ao Eoceno. Nas bacias interiores, a ocorrência de radiolários em níveis de chert na bacia Sanfranciscana é motivo de controvérsia e debate por sua associação com ambientes proximais, marginais rasos e continentais. A análise microbiofaciológica (lâminas delgadas) de amostras de 11 poços da Bacia do Araripe revelou a ocorrência de radiolários na formação Crato em 3 poços. Nos processos de diagênese da bacia, os esqueletos originais foram piritizados e posteriormente substituídos por óxido- hidróxido de ferro ou carbonato de cálcio, com variável grau de preservação. Estes esqueletos piritizados dificilmente são recuperados em processos de preparação convencional de amostras para microfósseis. É possível identificar tanto nasselários quanto espumelários, com vários espécimes de Godia sp., e nasselários criptocefálicos (Williriedellum sp. e Holocryptocapsa sp.) típicos do Cretaceo médio (Aptiano) . O predominio de espumelários sobre os nasselarios, é esperado em incursões marinhas, uma vez que os espumelários predominam nas águas superficiais dentro da zona fótica. Além de apontar a influência episódica (incursão) de águas marinhas na bacia do Araripe neste intervalo, a ocorrência consistente de radiolários em estratos depositados em ambientes marginais/ rasos adiciona mais um elemento na definição da distribuição paleambiental destes organismos no Cretáceo. A relação dessa associação de radiolários com massas d’água oceânicas, de origem tethiana ou provindas de outra direção, é chave para desvendar as condições paleoceanográficas do proto-oceano Atlântico Sul no Aptiano. Esse primeiro registro de radiolários na Bacia do Araripe (Formação Crato) reforça a ocorrência de incursões marinhas episódicas no Aptiano nesta bacia interior, e aponta para a extensão desta influência em ambientes marginais epicontinentais.

Palavras Chave

Bacia do Araripe; Radiolários; Formação Crato; incursões marinhas; Aptiano

Área

TEMA 21 - Estratigrafia, Sedimentologia e Paleontologia

Autores/Proponentes

Simone Baecker-Fauth, Oscar Strohschoen Jr, Fernanda Luft-Souza, Gerson Fauth, Jorge Villegas-Martin