51º Congresso Brasileiro de Geologia

Dados da Submissão


Título

EXTRAÇÃO DA REDE DE FRATURAS A PARTIR DE MODELOS 3D DE AFLORAMENTO: AFLORAMENTO LOMITO, FORMAÇÃO YACORAITE DA BACIA DE SALTA, ARGENTINA

Texto do resumo

Com o avanço tecnológico e a popularização da fotogrametria digital como ferramenta para a construção de modelos 3D de afloramento, atualmente é possível construir nuvens de pontos de afloramentos, com densidade da ordem de centenas de milhares de pontos/m², e, a partir das nuvens de pontos, malhas trianguladas texturizadas com resolução da ordem de poucos milímetros por elemento de textura. Esses modelos 3D são utilizados em diversas áreas das geociências, com algumas vantagens como (i) a possibilidade de recobrir grandes áreas que, em muitos casos, são inacessíveis ou oferecem riscos à segurança das atividades de campo; (ii) alta densidade de pontos; (iii) alta precisão e acurácia posicional; (iv) possibilidade de extrair dados quantitativos utilizando interpretação manual ou ferramentas automatizadas; e (v) integrar dados de diferentes fontes e formatos. O objetivo desse trabalho é realizar a extração da rede de fraturas do modelo 3D do afloramento Lomito, Bacia de Salta, Argentina, que ocorre no município de Coronel Moldes, Província de Salta, Argentina, e expõe rochas da Formação Yacoraite, Grupo Salta, da Bacia de Salta. Para a análise da rede de fraturas a partir de modelos 3D de afloramento, a relação geométrica entre as superfícies geológicas e a superfície topográfica deve ser considerada. No caso de ambas serem coincidentes, a superfície da fratura pode ser obtida diretamente da superfície topográfica. No caso de a superfície geológica intersectar a superfície topográfica, a fratura deve ser obtida a partir de linhas de intersecção. A rotina de extração da rede de fraturas envolve, inicialmente, a análise manual, para a identificação dos conjuntos de fraturas existentes no afloramento. Essa análise é altamente dependente do intérprete, sendo, portanto, não reprodutível, subjetiva, demorada e não sujeita à quantificação das incertezas. Contudo, o intérprete pode utilizar a orientação dos pontos da nuvem e dos triângulos da malha como suporte para a determinação dos conjuntos de fraturas, especialmente no caso das superfícies coincidentes. Após a definição dos conjuntos de fraturas existentes no afloramento, é realizada filtragem dos pontos da nuvem e dos triângulos da malha por orientação, gerando uma nuvem de pontos e malha triangulada filtrada contendo, virtualmente, todas as fraturas expostas que ocorrem no afloramento. Foram identificados cinco conjuntos de fraturas, distintos entre si por orientação. No total, foram extraídas 18.693 fraturas, sendo 1.913 fraturas do grupo 1, que possui mergulho médio de 82° para S55E; 5.037 fraturas do grupo 2, com mergulho médio de 80° para N06E; 3.792 fraturas do grupo 3, com mergulho médio de 79° para S10W; 2.806 fraturas do grupo 4, com mergulho médio de 80° para N06W; e 5.145 fraturas do grupo 5, com mergulho médio de 79° para N49E. Considerando que a área do modelo 3D do afloramento possui 1.770 m², a densidade de fraturas do grupo 1 é 1,08 fraturas/m², do grupo 2 é 2,84 fraturas/m², do grupo 3 é 2,14 fraturas/m², do grupo 4 é 1,58 fraturas/m² e do grupo 5 é 2,96 fraturas/m2. Conclui-se que: (i) o método tem a capacidade de extrair orientação, posição e dimensão das fraturas expostas; (ii) o método é dependente da experiência do intérprete em atribuir significado geológico aos pontos da nuvem e/ou triângulos da malha; e (iii) ocorrem 5 grupos de fraturas individualizados por orientação no afloramento analisado, com densidades variando de 1,08 a 2,96 fraturas/m².

Palavras Chave

Geologia Estrutural; Extração Manual de Fraturas; Nuvem de Pontos; Malha Triangulada Texturizada

Área

TEMA 16 - Geoquantificação e Geotecnologias

Autores/Proponentes

Samuel Flávio Araújo, Felipe Guadagnin, Tiago Rafael Gregory, Italo Gomes Gonçalves, Ronaldo Selk, Eduardo Roemers-Oliveira