51º Congresso Brasileiro de Geologia

Dados da Submissão


Título

NOVAS OCORRÊNCIAS DE ROCHAS ULTRAMÁFICAS FOSFATADAS NO CINTURÃO DE CISALHAMENTO NOROESTE DO CEARÁ, REGIÃO DE LUIS CORREIA, PIAUÍ

Texto do resumo

No extremo norte do Piauí, no contexto do Cinturão de Cisalhamento Noroeste do Ceará, a aproximadamente 50 km do município de Parnaíba são reportadas inéditas e significativas ocorrências de rochas ultramáficas fosfatadas. Trabalhos de mapeamento geológico e sondagem diamantada durante programas de exploração mineral das empresas Nova Potash Agricultura e Terrativa Minerais S.A, detentoras dos direitos minerários da área, detectaram a ocorrência de piroxenito, flogopitito e apatitito em associação ao Plúton Alcalino Brejinho (PAB), tanto em superfície quanto em profundidade. Piroxenito e flogopitito ocorrem majoritariamente como enclaves e intercalações de até 25 m nos sienitos do PAB, enquanto os apatititos formam diques de até 20 m de espessura por 200 m de comprimento, mas também podem ocorrer como lentes centimétricas e enclaves nos sienitos. Os corpos de apatitito possuem direção NS, NE-SW e NW-SE e estão alojados ao longo de um corredor de cerca de 3 km de extensão na direção NE-SW nas proximidades da Falha Santa Rosa. Mineralogicamente o piroxenito é formado por diopsídio em diversas proporções (50 a 90%) acompanhado por tetraferriflogopita (2 a 10%), apatita e titanita. O flogopitito é formado por tetraferriflogopita (>60%), diopsídio (<25%), apatita (15%) e titanita, e o apatitito é composto majoritariamente por apatita (>60%) além de flogopita. Conjuntamente estas rochas são portadoras de importantes conteúdos de fosfato, alcançando até 40,7% de P2O5 e 50,1% de CaO no apatitito e até 10% de P2O5 no flogopitito. Hospedam também valores significativos de ∑ETR, principalmente ETRL, a dizer: apatitito - ∑ETR: 0,8% a 1,8%, flogopitito – ∑ETR: 500 a 8300 ppm e piroxenito – ∑ETR: 600 a 5600 ppm, ainda valores anômalos de TiO2 de até 6% nos flogopititos e Cu (2056 ppm) nos apatititos, dada a ocorrência de malaquita. Estas rochas possuem similar padrão de ETR, caracterizados por enriquecimento em ETRL em relação aos ETRP e com CeN/YbN entre 24 e 120. As rochas menos fracionadas são os piroxenitos com CeN/YbN entre 24 e 102 ppm e as mais fracionadas são os apatititos com CeN/YbN entre 95 e 114 ppm. A mineralogia incomum de piroxenitos e apatitito não permite classificá-las pelos diagramas convencionais de rochas máficas e ultramáficas, por outro lado, sua mineralogia é muito semelhante à de rochas das series bebedouríticas e foscoríticas descritas na literatura e ambas as series podem possuir termos extremos ricos em apatita gerando apatititos. Rochas bebedouríticas são definidas por conterem essencialmente diopsídio, perovskita, flogopita, apatita e magnetita, ±olivina e silicatos de Ca-Ti como Ti-granada e titanita, enquanto foscoritos compreendem magnetita, apatita, e um dos silicatos forsterita, diopsídio ou flogopita. A presença de rochas dessa natureza na região aponta para interação entre um magma fosfático e um silicático, situação comum em complexos alcalinos carbonatíticos pelo mundo. Apesar da origem do magma fosfático ainda ser fruto de amplo debate na literatura, sua importância petrológica e econômica é incontestável dada a sua ocorrência incomum e por hospedarem depósitos de classe mundial de fosfato e nióbio e importantes depósitos de cobre, titânio, ETR, dentre diversos outros sub-produtos. A presença de rochas dessa natureza na região do PAB, portanto, atenta não só para um possível depósito de fosfato como para a possibilidade de novas descobertas de minerais metálicos e estratégicos.

Palavras Chave

rochas ultramáficas fosfatadas; fosfato; apatitito; complexo alcalino ultrapotássico; Plúton Sienítico Brejinho

Área

TEMA 09 - Recursos Minerais, Metalogenia, Economia e Legislação Mineral

Autores/Proponentes

Camila Marques, Luciana Vieira Melo