51º Congresso Brasileiro de Geologia

Dados da Submissão


Título

IMPORTÂNCIA DO TEMA USO E OCUPAÇÃO DO SOLO NA ELABORAÇÃO DE MAPAS DE SUSCETIBILIDADE A DESLIZAMENTOS EM ÁREAS URBANAS – ESTUDO DE CASO PARA VILAS E FAVELAS DA REGIONAL CENTRO-SUL DE BELO HORIZONTE

Texto do resumo

A metodologia para elaboração de mapas de suscetibilidade a deslizamentos desenvolvida pelo IBGE (2019) apresenta boa adesão em escalas de pouco detalhe, atendendo a demandas de macroplanejamento. Entretanto, para fins de planejamento urbano, onde são necessárias escalas de maior detalhe, o tema uso e ocupação do solo passa a ter maior relevância uma vez que as intervenções antrópicas interferem diretamente na instabilidade das encostas a nível local. O presente estudo consistiu na elaboração de um mapa de suscetibilidade a deslizamentos para vilas e favelas situadas na regional Centro-Sul de Belo Horizonte, tendo em vista a atribuição de maior peso ao tema uso e ocupação do solo. Foram definidos sete fatores condicionantes, a saber: geologia, geomorfologia, pedologia, declividade, direção das vertentes, pluviosidade e uso e ocupação do solo. Para definição dos pesos dos atributos utilizou-se a metodologia desenvolvida pelo IBGE (2019) acrescida do método AHP. Os resultados obtidos foram validados através dos dados de classificação do nível de risco geológico definidos em vistorias de campo realizadas pela Companhia Urbanizadora e de Habitação de Belo Horizonte (URBEL) em moradias situadas em áreas de vilas e favelas no período de 2017 a 2021. Após a compatibilização das bases e elaboração dos mapas de potencialidade, foi realizada uma análise de sensibilidade do mapa de suscetibilidade obtido, atribuindo-se diferentes pesos para a álgebra de mapas em relação à proposição feita pelo IBGE (2019), sendo os resultados confrontados com dados de campo da URBEL. Ao final, os pesos definidos foram: uso e ocupação do solo (0,46); declividade (0,22); pluviosidade (0,11); direção das vertentes (0,10); geomorfologia (0,04); pedologia (0,04) e geologia (0,02). A regional Centro-Sul de Belo Horizonte apresenta elevado gradiente topográfico, de forma que o mapa de suscetibilidade elaborado com maior peso para declividade coloca grande parte da área de vilas e favelas em região de alta e muito alta suscetibilidade, o que não é comprovado pelos dados de vistorias. A análise dos dados da URBEL confrontados com os índices do mapa final, demonstrou que dentre os 753 pontos de campo classificados como risco geológico alto e muito alto, 41,4% (312) apresentaram sobreposição com os índices alto e muito do mapa. Para o índice médio, a correspondência foi de 41,1% (265) em um total de 644 pontos. Os pontos classificados como risco geológico baixo/sem risco apresentaram a melhor correlação com o mapa. Dentre os 472 pontos de campo, a sobreposição foi de 47,5% (224). A poligonização do mapa, associada à imprecisão de coordenadas, gera uma exclusão de pontos próximos às áreas correspondentes. Dessa forma, quando admite-se um Buffer de 5m (imprecisão do GPS) a correspondência de pontos passa a ser superior a 60%. A análise de sensibilidade demonstrou que para a elaboração de mapas de maior escala em áreas densamente urbanizadas e com elevado gradiente topográfico, deve-se considerar o mapa de uso e ocupação do solo com maior peso em relação a metodologia proposta pelo IBGE (2019), que considera como tema crítico o mapa de declividade. Os resultados do mapa de suscetibilidade elaborado destacam a importância do mapa de uso e ocupação do solo, demonstrando que a interseção de vazios urbanos (regiões de vegetação densa, vegetação esparsa e solo exposto) com áreas densamente habitadas em regiões de vilas e favelas, são aquelas de maior pré-disposição a deslizamentos.

Palavras Chave

Risco Geológico; Suscetibilidade; uso e ocupação do solo; método heurístico

Área

TEMA 03 - Risco Geológico, Geologia de Engenharia e Barragens

Autores/Proponentes

TATIANA PIMENTEL FISCHER FONSECA, WELLISON MARTINS FONSECA, JEFFERSON FERREIRA SILVA, ARTHUR LARA XIMENES