51º Congresso Brasileiro de Geologia

Dados da Submissão


Título

Geofísica aplicada à caracterização geológica-geotécnica de barragem de rejeito de ouro

Texto do resumo

A barragem da Mineração Serra Grande (MSG) foi construída em 1989 para o armazenamento do rejeito da produção de ouro do complexo da Mina Serra Grande, em Crixás-GO. Desde os últimos rompimentos, tem se intensificado no Brasil medidas para prevenção e mitigação dos efeitos da ruptura destas estruturas. Esse fato tem impulsionado discussões sobre o monitoramento geofísico e novas tecnologias aplicadas à geotecnia que visam estabelecer procedimentos operacionais mais eficazes para a prevenção deste tipo de acidente. Por fim, a Lei n. 14.066 de 30 de setembro de 2020, exigiu o descomissionamento e descaracterização das barragens de rejeito alteadas à montante no Brasil. Neste contexto, o presente trabalho tem por objetivo a interpretação do imageamento elétrico das estruturas da barragem da MSG, a partir de levantamentos de eletrorresistividade executados em períodos distintos, utilizando dados geotécnicos como furos de sondagem e dados dos instrumentos instalados na barragem (Indicadores de Nível d’Água - INAs e Piezômetros). A integração dos dados de eletrorresistividade ao modelo geotécnico tridimensional da barragem, com o objetivo de estabelecer uma correlação entre os dados de natureza direta e indireta, proporcionou uma compreensão mais abrangente e refinada da estrutura do ponto de vista hidrogeotécnico. O modelo final interpretado será utilizado para auxiliar no planejamento e no monitoramento da estrutura durante o processo de descaraterização. A técnica de aquisição utilizada foi caminhamento elétrico utilizando o arranjo de eletrodos dipolo-dipolo com espaçamento entre eletrodos A-B e M-N de 7,5 m. Foram levantados 6 (seis) seções de tomografia elétrica com extensão total de 3523,5 metros ao longo da Barragem. Sendo a seção L11 localizada no reservatório, e as seções L15, L16 e L17 adquiridas em sobreposição às seções geotécnicas C-C’, I-I’ e D-D’. Já as seções L4 e L5 foram levantadas perpendiculares as seções geotécnicas. A instrumentação hidrogeotécnica contou com 12(doze) INAs e 58(cinquenta e oito) piezômetros. Com os resultados da correlação dos dados geofísicos e hidrogeotécnicos foi possível identificar detalhadamente os valores de eletrorresistividade em (ohm. s m) da estrutura interna da barragem e inferir a altura máxima do lençol freático sendo os valores mais condutivos alocados perfeitamente abaixo da drenagem interna e os valores mais resistivos distribuídos acima da drenagem interna. Além disso, o modelo tridimensional gerado do nível de água está coincidindo com os valores de eletrorresistividade abaixo de 24 ohm. s m. Esses valores são muito mais baixos do que comparados com barragens de rejeito de ferro e fertilizantes. Por fim, o monitoramento geofísico apoiado por informações provenientes da instrumentação geotécnica tem se mostrado uma excelente ferramenta para a avaliação tridimensional do estado geral da estrutura, com promissor potencial para auxiliar diretamente no processo de tomadas de decisão para o descomissionamento da estrutura.

Palavras Chave

Geofísica aplicada; Barragens de rejeito; Hidrogeotecnia.

Área

TEMA 03 - Risco Geológico, Geologia de Engenharia e Barragens

Autores/Proponentes

Lucas Locatelli de Azeredo, Marco Antônio da Silva Braga, Alan de Souza Cunha , Patrick Francisco FUHR DAL BO, Emilio Velloso Barroso, Marina Alfradique de Melo Arruda, Pedro Henrique Rocha Xavier Freitas, Lara de Oliveira Gomes, Filipe Ferreira da Costa