Dados da Submissão

Título

Grande Evento de Oxigenação (GOE) investigado a partir de minerais opacos de TTGs-Sanukitoides do Cinturão Mineiro, Cráton São Francisco Meridional

Texto do resumo

O Grande Evento de Oxigenação (GOE), ocorrido na transição Arqueano-Proterozoico, é marcado pelo aumento nos níveis de oxigênio atmosférico e assim da fugacidade de oxigênio (fO₂) no planeta. Estudos geocientíficos de diversas naturezas buscam entender os principais fatores que conduziram a tal mudança da fO₂, bem como suas causas e consequências para os processos da geodinâmica interna e externa da Terra, e as possíveis interações entre as geoesferas terrestres. Nesse sentido, apresenta-se a caracterização e interrelações de minerais opacos de rochas TTGs e sanukitoides do Cinturão Mineiro (CM), localizado na borda sul do cráton São Francisco e dominado por plutons graníticos, cujas idades variam do Sideriano ao Orosiriano. A Suíte Lagoa Dourada (SLD), com idade de 2350 Ma, é caracterizada como TTG de alto-Al, e a Suíte Alto Maranhão (SAM), de idade 2130 Ma, é classificada como sanukitoide de alto Mg#. Em conjunto, representam a mudança de magmatismo que tem sido associada à transição Arqueano-Paleoproterozoico, que, portanto, se deu de modo tardio no CM. Com vistas a melhor entender essa transição, espera-se que as diferenças petrográficas e geoquímicas sejam refletidas na mineralogia principal e acessória, em particular na assembleia de minerais opacos. Assim, ao definir as suítes SLD e SAM como pertencentes às séries da magnetita e/ou ilmenita, busca-se estimar valores de fO₂ durante sua cristalização, relacionando-os aos processos envolvidos no GOE e seu significado para o CM. Por meio de microscopia ótica e eletrônica de varredura, os minerais opacos encontrados na SLD são magnetita, ilmenita, calcopirita e pirita, enquanto na SAM são encontrados ilmenita, pirrotita, calcopirita, pirita, magnetita, pentlandita e esfalerita, ordenados segundo proporção modal para ambas suítes. Em relação à mineralogia translúcida, destaca-se a ocorrência de hornblenda, mineral marcador de mudanças oxi-redutoras na cristalização de rochas graníticas. A predominância de magnetita na SLD permite classificá-la como pertencente à série da magnetita, enquanto a SAM, por apresentar ilmenita como principal opaco, é classificada como da série da ilmenita. Ao relacionar a mineralogia opaca encontrada com a química mineral da hornblenda é possível estimar que condições oxidantes predominaram durante a cristalização de ambas as suítes, e para que suas assembleias primárias estivessem estáveis, a cristalização se deu acima de 660ºC. Dessa maneira, a fO₂ predominante na geração da SLD está relacionada a valores de até 1 ordem de magnitude acima do buffer Fe-Si-O, FMQ, em temperaturas superiores a 800ºC (fO₂ ~10⁻¹² bars). Por sua vez, as rochas da SAM apresentam fO₂ com valores de até 2 ordens de magnitude acima do buffer FMQ, com temperatura média de 700ºC (fO₂ ~10⁻¹⁵ bars). Sugere-se, portanto, que associado à transição TTG-sanukitoide registrada no CM, correspondente ao período de estabilização de O₂ na atmosfera, aumento na reciclagem crustal e diminuição da temperatura em ambientes de subducção, o ambiente intracrustal tornou-se nominalmente mais reduzido, registrado pela diminuição dos valores de fO₂.

Palavras Chave

GOE; TTG; sanukitoide; Cinturão Mineiro; Fugacidade de oxigênio