51º Congresso Brasileiro de Geologia

Dados da Submissão


Título

EXTRAÇÃO SEQUENCIAL DE METAIS DO REJEITO DE MINÉRIO DE FERRO E DE SEDIMENTOS DO RIO DOCE APÓS O ROMPIMENTO DA BARRAGEM DE FUNDÃO EM MARIANA (MG)

Texto do resumo

O rompimento da barragem de Fundão, em Mariana (MG), ocorrido no ano de 2015, depositou rejeito de minério de ferro sob a forma de material particulado fino junto aos sedimentos aluviais do rio Doce. Dentre os estudos realizados para avaliar os impactos ambientais do desastre de Mariana, há muitas menções sobre o potencial de liberação de metais potencialmente perigosos no ambiente, em médio e longo prazos. Este trabalho emprega o método de extração sequencial para avaliar o potencial de liberação e os riscos ambientais associados aos metais potencialmente tóxicos nos sedimentos do baixo Rio Doce, desde a divisa entre os estados de Minas Gerais e Espírito Santo, até sua foz no Oceano Atlântico. A extração sequencial é um método amplamente utilizado para fracionar e identificar a biodisponibilidade de metais em diferentes compartimentos ou constituintes sedimentares. A análise da mobilidade dos metais presentes nos sedimentos é crucial para entender o potencial de contaminação ambiental e os riscos ao longo do tempo. O método de extração sequencial utilizado neste trabalho segue a metodologia da BCR (European Community Bureau of Reference). As amostras de sedimento foram homogeneizadas, secas, destorroadas e passadas em peneira com abertura de 2,00 mm, de onde foram retiradas alíquotas de 10 g, maceradas e passadas em peneiras com abertura de 0,075 mm. Em seguida, foi realizada a extração de metais trocáveis usando ácido acético 0,11 mol/L; extração de metais ligados a óxidos de ferro e manganês usando cloridrato de hidroxilamina 0,1 mol/L; extração de metais ligados à matéria orgânica usando peróxido de hidrogênio 8,8 mol/L e acetato de amônia 1,0 mol/L e a extração de metais da fração residual usando digestão ácida. Os resultados mostraram diferentes níveis de biodisponibilidade dos metais nos sedimentos analisados. Elementos como Pb, V, Ti, Fe e Cr apresentaram baixa biodisponibilidade (nível I), enquanto Al, Ni, Zn, Cd, Cu e As apresentaram risco baixo (nível II). O Co foi classificado como risco médio (nível III) e o Mn como risco alto (nível IV). A fração residual foi a que obteve maior concentração de metais, indicando que esses elementos estão fortemente ligados à matriz dos sedimentos e são menos propensos a se tornarem biodisponíveis, exceto em condições ambientais específicas. De acordo com informações publicadas em diversos trabalhos, a deposição da lama minerária em determinados locais do ambiente deposicional, aliada à presença de agentes externos como matéria orgânica e determinados tipos de microorganismos, pode levar à biodisponibilização de metais que estavam anteriormente imóveis, associados a minerais como óxidos e hidróxidos de ferro. A presença de elementos potencialmente tóxicos como o Mn, por exemplo, requer monitoramento contínuo e estudos que permitam mapear as áreas deposicionais mais propícias à acumulação do resíduo de minério de ferro. Estes resultados são fundamentais para a gestão ambiental e a formulação de políticas de remediação na bacia do Rio Doce.

Palavras Chave

Metais pesados; biodisponibilidade; lama minerária

Área

TEMA 02 - Recursos Hídricos e Geociências Ambientais

Autores/Proponentes

Mirna A Neves, Fabricia Benda Oliveira, João Filipe Leite Vargas, Marx Engels Martins, Honério Coutinho Jesus, Carlos Henrique Rodrigues Oliveira