Dados da Submissão

Título

REVELANDO AS PRIMEIRAS INCURSÕES MARINHAS DO CRETÁCEO NA FORMAÇÃO BARBALHA, BACIA DO ARARIPE

Texto do resumo

A Bacia do Araripe é uma das maiores bacias interiores do Brasil, sua evolução geológica é associada à fragmentação do Supercontinente Gondwana e à abertura do Oceano Atlântico Sul. Durante a evolução desse oceano, foram depositadas as sucessões sedimentares do Grupo Santana, que engloba as formações Barbalha, Crato, Ipubi e Romualdo. A Formação Barbalha, que é o foco do estudo, é composta por uma sequência sedimentar de arenitos, siltitos, argilitos e margas. A influência marinha nas bacias interiores brasileiras têm sido amplamente debatida, tendo surgido evidências na formação Romualdo que fomentam novos estudos nas formações mais antigas da bacia do Araripe. Utilizando uma abordagem multidisciplinar, este trabalho visa identificar, caracterizar e datar as primeiras incursões marinhas com base em análises micropaleontológicas e microfácies. O estudo foi realizado em 71 amostras de testemunhos de sondagem do Projeto Santana II (1PS-06-CE), da porção leste da Bacia do Araripe. Os resultados destacam três principais incursões marinhas. As duas primeiras foram observadas na parte inferior da Formação Barbalha, em arenitos, depósitos lamosos e margas das Camadas Batateira. Os elementos marinhos incluem foraminíferos bentônicos (Bathysiphon sp.), dinoflagelados calcários (Thoracosphaera spp.), dinoflagelados de parede orgânica (Oligosphaeridium sp. e Cometodinium sp.), nanofósseis calcários (espículas de ascídia e serpulídeos). Foram também identificadas dez espécies de ostracodes pertencentes a cinco gêneros e quatro famílias, com preservação moderada a boa e alta abundância na Camada Batateira. A terceira incursão marinha foi identificada na parte superior da Formação Barbalha. Esse intervalo é caracterizado por arenitos, com intercalações de depósitos finos e lamosos. Os elementos marinhos identificados correspondem principalmente aos icnofósseis (Thalassinoides, Ophiomorpha e Scolicia) produzidos por organismos que sugerem salinidade na água, e raros exemplares de foraminíferos planctônicos atribuidos com dúvidas aos gêneros Leupoldina e Globigerinelloides. Dessa forma, a partir da análise integrada de microfósseis, microbiofácies e icnofósseis, foi possível sugerir uma idade eoaptina (com dúvidas) para as mais antigas incursões marinhas do Cretáceo Inferior da Bacia do Araripe.

Palavras Chave

Microfósseis marinhos; camadas Batateira; incursões marinhas; Aptiano inferior.