Dados da Submissão

Título

EXTREMO METEREOLÓGICO NO RIO GRANDE DO SUL - 2024: APOIO EMERGENCIAL GEOTECNOLÓGICO NAS ÁREAS DE IMPACTO DE MOVIMENTOS DE MASSA

Texto do resumo

Os recordes do evento extremo ocorrido entre o final de abril e início de maio de 2024 no Rio Grande do Sul advém dos efeitos do expressivo acumulado de chuva, especialmente entre 27/04 e 13/05, que causou inundações, enxurradas e movimentos de massa. Estes processos impactaram 90% do estado, sendo mais severos na Região Hidrográfica do Guaíba. Em apoio emergencial a ações de enfrentamento e comunicação com a comunidade, a Universidade Federal do Rio Grande do Sul disponibilizou o “Repositório de informações geográficas para suporte à decisão - Rio Grande do Sul 2024 (https://arcg.is/1zWXO91)", site que conta com mapas para o público em geral, para acesso avançado, além de bases de dados e análises. Assim, este trabalho tem por objetivo apresentar uma das bases produzidas: “WebMapa de Movimentos de Massa para equipes de apoio na situação de calamidade-RS - Maio de 2024”: https://arcg.is/8Pjz9. A motivação se deu pela demanda de inúmeros voluntários geólogos e geotécnicos em atuação em campo na região densamente atingida por movimentos de massa nos Vales do Taquari-Antas, escarpa sul do Planalto Meridional. Assim, foi montada uma equipe de geoprocessamento e campo constituída por 40 membros para elaboração dos seguintes produtos: a) mapa das cicatrizes de movimentos de massa, ou seja, marcas da movimentação de solo e/ou rochas visíveis no terreno, oriundas de deslizamentos, fluxos de detritos e lama, queda de blocos e rastejamento do solo. As cicatrizes foram delimitadas por interpretação visual a partir de imagens orbitais de alta resolução espacial (0,3 m a 0,9 m), composição colorida true color. As imagens foram concedidas para uso emergencial pela National Geospatial-Intelligence Agency (NGA) / Diretoria de Serviço Geográfico (DSG) – fonte: Maxar Technologies 2024, e Força Aérea do Chile e Força Aérea Brasileira, fonte: EROS C e BlackSky), b) compilação dos planos de informação da hidrografia, geologia, manchas de inundação, curvas de nível e pontos de movimentos de massa mapeados pela National Aeronautics and Space Administration (NASA), c) elaboração de mapas digitais para impressão em A4 em como suporte a equipes de apoio. O WebMapa foi elaborado no ArcGIS Pro 2.8.2 e ArcGIS Online, licenciados pela instituição. Os resultados indicam prevalência de cicatrizes de deslizamentos e fluxos de detritos e lama, estes últimos com até 2 km de comprimento ao longo das encostas. As cotas altimétricas da zona de mapeamento varia de 60 m a 700 m. As áreas mais atingidas na Região Hidrográfica do Guaíba estão nas bacias hidrográficas do Taquari-Antas, Caí, Sinos, Pardo, Alto Jacuí e Vacacaí-Mirim, totalizando 89 municípios afetados. Esta região de abrangência impactada possui aproximadamente 12 mil km2, comparativamente, uma área maior que a Região Metropolitana de Porto Alegre. Até o momento, foram mapeadas 6000 cicatrizes, estima-se que esse número seja 2 a 3 vezes maior, quando completado o mapeamento da área total, o que configura no maior evento de movimento de massas ocorrido no Brasil em número de cicatrizes. Litologicamente, a predominância de cicatrizes se dá sobre as rochas ígneas da Formação Serra Geral. As dimensões quantitativas do evento exprimem também os desafios das equipes da Defesa Civil, Prefeituras e Bombeiros em resgates, além das ações de avaliação de risco in loco com apoio dos profissionais advindos do RS e de diversos estados do Brasil. Portanto, o WebMapa contribuiu no enfrentamento da situação de calamidade do RS.

Palavras Chave

deslizamento; corrida de detritos; calamidade; difusão das geociências; Geotecnologias