51º Congresso Brasileiro de Geologia

Dados da Submissão


Título

VISÃO GERAL SOBRE HIDROGÊNIO NO BRASIL

Texto do resumo

Nos últimos anos, o hidrogênio tem se tornado uma alternativa em vários países para a descarbonização. E tendo em vista o potencial do Brasil para produção de hidrogênio utilizando fontes renováveis, além das recentes descobertas de hidrogênio geológico no país, este trabalho, baseado em publicações especializadas, traz um panorama geral sobre esse vetor de energia.
O hidrogênio é uma das possibilidades para mitigar os efeitos do aquecimento global e cumprir as metas mundiais de diminuição de emissão de CO2 relacionadas à energia até 2050. É o elemento mais abundante do universo, não é tóxico, é ambientalmente sustentável e possui um poder calorífico superior aos demais combustíveis.
Este gás é produzido a partir das chamadas rotas tecnológicas e a cada rota é atribuída uma cor de acordo com o processo de produção. Atualmente, no Brasil, a maior parte da produção de hidrogênio é proveniente da reforma a vapor do gás natural, consumido, principalmente, em refinarias e fábricas de fertilizantes, o chamado hidrogênio cinza, altamente poluente, gerando 10kg de CO2 para cada 1kg de H2 produzido (Mckinsey, 2021). Quando essa produção envolve a utilização de energia de fontes renováveis, temos o hidrogênio verde. Esse tipo de hidrogênio apresenta grandes oportunidades num cenário de redução dos custos de produção até 2030, ampliando a competitividade e a vantagem do hidrogênio verde sobre aquele obtido a partir de fontes fósseis. Em 2030, a estimativa é que o custo do hidrogênio verde brasileiro será em torno de U$1,50/kg, valor comparável aos da Austrália, Estados Unidos e Arábia Saudita, baixando para U$1,25/kg em 2040 (Mckinsey, 2021).
Outro tipo de hidrogênio, descoberto recentemente no Brasil, é o hidrogênio geológico (ou branco). O hidrogênio geológico é gerado contínua e naturalmente no planeta e, ao contrário do H2 produzido a partir de combustíveis fósseis (carvão e gás natural), sua produção não gera gás carbônico, sendo, portanto, uma fonte limpa e renovável de energia. Estudos recentes mostram que esse tipo de hidrogênio é mais comum no planeta do que se pensava anteriormente, sendo encontrado em diferentes ambientes geológicos (Zgonnik, 2020). No Brasil, as ocorrências constatadas na Bacia do São Francisco (Prinzhofer et al., 2019) e na região de Maricá (Prinzhofer et al., 2024), colocaram o país no mapa mundial das descobertas deste tipo de hidrogênio. A busca por hidrogênio geológico requer recursos semelhantes aqueles utilizados na indústria de petróleo e gás, incluindo a perfuração de poços a grandes profundidades. Apesar da semelhança com a indústria de óleo e gás, os componentes do “sistema hidrogênio” (geração, migração e acumulação) são pouco conhecidos, e sua exploração constitui uma fronteira que necessita de intensos investimentos em pesquisa.
Para que ocorra o desenvolvimento do uso do hidrogênio na matriz energética brasileira, será necessário um aporte continuado de investimentos em pesquisa, desenvolvimento e inovação, além de um arcabouço institucional legal e regulatório, que dê segurança à indústria e aos consumidores. Em 2020, o Ministério de Minas e Energia aprovou o Plano Nacional de Energia 2050 onde o hidrogênio compõe a estratégia energética brasileira, sendo apontado como uma tecnologia disruptiva e elemento de interesse no cenário da descarbonização. No mercado internacional, o Brasil pode se posicionar com vantagem, pois poderá produzir hidrogênio verde de forma competitiva.

Palavras Chave

Hidrogênio; Energias Renováveis; Descarbonização

Área

TEMA 13 - Transição de matriz energética e energia renovável

Autores/Proponentes

Márcia Karam, João Françolin, Luiz Landau, José Luis Drummond Alves, Bruno de Souza Silva, Pedro Vitor Abreu