51º Congresso Brasileiro de Geologia

Dados da Submissão


Título

EVIDÊNCIAS DE FRAGMENTOS VULCÂNICOS OU CONCREÇÕES? UM EXEMPLO NO MEMBRO MORRO PELADO, FORMAÇÃO RIO DO RASTO, SANTA CATARINA, BRASIL

Texto do resumo

A Formação Rio do Rasto (FRR) registra importantes mudanças deposicionais e climáticas no final do Permiano na Bacia do Paraná (BP). O arcabouço estratigráfico desta unidade compreende a passagem de ambientes dominantemente lacustres (Membro Serrinha), para um contexto de canais fluviais, amplas áreas de planície de inundação e depósitos eólicos (Membro Morro Pelado), demonstrando um padrão de aridez para o topo. Este trabalho compreende um estudo de caso que explora fragmentos vulcânicos ou concreções encontrados em depósitos de leques de espraiamento distais (terminal splays) no Membro Morro Pelado em um afloramento nas proximidades do município de Lages, porção central do Estado de Santa Catarina. Estas estruturas apresentam uma geometria bastante distinta em comparação com rochas adjacentes e ressaltam em meio às camadas de heterolitos vermelhos. Foram descritas quatro feições, com granulometria de argila, de cor marrom, as quais apresentam formato subesféricos, variando de 5 a 10 cm de espessura e que estão posicionadas no mesmo nível estratigráfico. A geometria das laminações adjacentes às feições sugere a ocorrência de queda do fragmento ou de crescimento de uma concreção, devido à convexidade dos estratos circundantes, algo que não ocorre em ambientes sedimentares análogos. O presente trabalho tem como objetivo caracterizar estas feições através de multi-proxies, utilizando dados estratigráficos, geoquímicos e geocronológicos para atribuir a sua gênese. A coleta deste material foi realizada através de uma etapa de campo, com o levantamento de seções colunares em escala 1:50. Parte do material coletado foi submetido à separação mineral e a análise de Difração de Raios-X (DRX), para identificação dos minerais constituintes, parte foi utilizada para análise da Fluorescência de Raios-X (FRX), de modo a quantificar a composição química da amostra e atestar sua proveniência através dos elementos maiores e traços. Por fim, os zircões encontrados foram analisados via LA-ICP-MS para determinação das idades. Os resultados da DRX indicam a presença de analcima e phillipsita. A analcima sugere a ocorrência de reação entre os sedimentos que contém fragmentos de vidro vulcânico e a água de ambientes lacustres restritos. Ainda, na BP são identificadas concentrações de analcima secundária em camadas originadas por depósitos de nuvens de cinzas ou de fragmentos piroclásticos fluidizados provenientes de ambientes de natureza ácida próximos a condutos vulcânicos, intercaladas no arcabouço estratigráfico das unidades do Permiano. Por outro lado, esse mineral também pode ser precipitado a partir de soluções iônicas ou de géis de alumina-sílica em meio alcalino, encontrado em depósitos que alternam arenitos e pelitos em ambientes subaquáticos. Por sua vez, a phillipsita, um mineral do grupo das zeólitas, pode ser associada tanto a um produto de reação entre sedimentos, geralmente contendo fragmentos de vidro vulcânico, quanto a um ambiente lacustre restrito. Dados os aspectos peculiares descritos e observados, serão apresentadas hipóteses quanto à gênese dessas estruturas (e.g., concreções, bioturbação, produto diagenético ou até mesmo origem vulcânica). Esta análise pode fornecer novas interpretações para o contexto deposicional do final do Permiano na Bacia do Paraná.

Palavras Chave

Bacia do Paraná; Permiano; Vulcanismo; Nódulos Sedimentares

Área

TEMA 18 - Geocronologia e Geoquímica Isotópica

Autores/Proponentes

Ana Victória Ribeiro Franqueira, Manoela Bettarel Bállico, Monica Oliveira Manna, Luana Moreira Florisbal