51º Congresso Brasileiro de Geologia

Dados da Submissão


Título

PROCESSOS METALOGENÉTICOS E CORRELAÇÕES TECTÔNICAS DO DEPÓSITO DE OURO ÁGUA BRANCA, PROVÍNCIA MINERAL DE TAPAJÓS, CRÁTON AMAZÔNICO

Texto do resumo

Mineralizações metálicas hospedadas por granitoides são típicas de arcos magmáticos jovens, porém sistemas minerais similares têm sido descritos em terrenos pré-cambrianos. O depósito Água Branca (AB) está inserido na Província Mineral de Tapajós (PMT), localizada na porção centro-sul do Cráton Amazônico, na Província Geocronológica/Tectônica Tapajós-Parima (2.030 a 1.860 Ma). A PMT é caracterizada por um extenso magmatismo vulcano-plutônico paleoproterozoico, com expressivas mineralizações de ouro associadas. Para caracterizar o depósito aurífero Água Branca, e estabelecer um modelo tectono-metalogenético foram realizados estudos petrográficos, litogeoquímicos, microssonda eletrônica, geocronológicos (U-Pb LA-ICP-MS em zircão) e isotópicos (Lu-Hf). Na área do depósito AB, ocorrem granitoides, associados a rochas vulcânicas e subvulcânicas félsicas. Foram distinguidas quatro fácies plutônicas de rochas encaixantes das mineralizações: monzogranito, sienogranito, granodiorito e monzodiorito. Esses litotipos foram classificados como peraluminosos a metaluminosos, gerados por magmatismo cálcio-alcalino de alto potássio, formados em ambiente de arco magmático. Os granitoides foram enquadrados como granitos oxidados do tipo I. As idades U-Pb indicam que foram colocados em dois eventos de granitogênese distintos, o primeiro de idades 2008 a 2055 Ma correspondente com idados de Complexo Cuiu-Cuiu. O segundo evento possui idades mais novas, de 1981 e 1987,8 Ma, correlacionáveis com a Suíte Intrusiva Creporizão. Os dados de ɛHf negativos, variando de -9,51 à -1,44, sugerem que os magmas geradores da granitogênese tenham sofrido forte influência crustal. As rochas do depósito estão intensamente hidrotermalizadas, afetadas por espessas zonas de alteração com evolução paragenética: alteração deutérica > alteração sódica> alteração potássica > alteração fílica + mineralização aurífera > silicificação + mineralização aurífera > carbonatação. O ouro ocorre predominantemente em duas paragêneses, sendo (i) em veios de quartzo, com a paragênese quartzo1 + sericita2 + pirita1 + esfalerita + calcopirita + galena + ouro e (ii) em porções brechadas com sericita + pirita + quartzo2 + ouro. O ouro do depósito ocorre livre preenchendo espeços vazios nos veios, vênulas e brechas, e é enriquecido com Ag. O ouro apresenta correlação positiva com S, Zn, Ag, Fe2O3, SiO2 e Pb. Estimativas geotermométricas baseadas na composição da clorita apontam para dois grupos, o primeiro com temperaturas entre aprox. 290 e 340ºC e o segundo entre 200 e 260ºC. As seguintes caracteristicas representam as zonas mineralizadas do depósito: (i) a relação genética e espacial com sistemas magmáticos oxidados do tipo I em arcos vulcânicos; (ii) o zoneamento da alteração hidrotermal; (iii) os veios de quartzo e as zonas brechadas abrigando as mineralizações; (iv) a associação direta da mineralização com alteração fílica; e (v) as temperaturas distintas da clorita, associadas a diferentes sistemas hidrotermais. O Depósito Água Branca representa um depósito paleoproterozoico que se desenvolveu em um ambiente pórfiro e evoluiu para condições epitermais devido ao soerguimento do sistema hidrotermal. Os resultados deste estudo ratificam o potencial de granitoides paleoproterozoicos como hospedeiros de sistemas magmáticos-hidrotermais.

Palavras Chave

Pórfiro; Epitermal; Paleoproterozoico

Área

TEMA 09 - Recursos Minerais, Metalogenia, Economia e Legislação Mineral

Autores/Proponentes

Chaiany Toneto Croscop, Pedro Maciel de Paula Garcia, Lucas de Magalhaes May Rossetti, Mauro César Geraldes