51º Congresso Brasileiro de Geologia

Dados da Submissão


Título

ORIGENS E HISTÓRIA TÉRMICA DOS FLUIDOS DA FORMAÇÃO BARRA VELHA (PRÉ-SAL, BACIA DE SANTOS) POR MEIO DA MICROTERMOMETRIA DE INCLUSÕES FLUIDAS EM DOLOMITA E CALCITA

Texto do resumo

A gênese das rochas do Pré-Sal das bacias brasileiras envolve um conjunto de processos deposicionais, diagenéticos e hidrotermais, que resultaram em relações complexas entre minerais carbonáticos, e destes com silicatos. O presente estudo utiliza petrografia e microtermometria de inclusões fluidas (FIs) com o objetivo de estudar a formação e alteração das fases de dolomita e calcita em depósitos do Pré-Sal na Bacia de Santos, visando definir a composição e temperatura dos fluidos, e a cronologia relativa dos eventos de sua migração. Para isso, foi executada a petrografia de 6 seções espessas bi-polidas e a microtermometria de 49 FIs, análise das sequências paragenéticas de constituintes e processos e as relações entre os minerais hospedeiros das FIs de um poço. A assembleia de inclusão fluidas (FIA) primária em calcita esferulítica é constituída por óleo leve com temperatura de homogeneização (Th) de 66 a 71°C, que coexiste com uma inclusão fluida aquosa com Th de 98°C (reequilibrada), cuja salinidade não pôde ser aferida. As 4 FIAs primárias em dolomita que substituiu esferulitos apresentaram estreita variação na Th, sendo uma FIA de fluido aquoso com Th de 70 a 76 °C e salinidade de 22 a 23 wt% (NaCl eq.), outra com Th de 82 a 86 °C e salinidade de 8 a 9 wt%, E duas FIAs de óleo leve com Th de 88 a 105 °C. As 10 FIAs primárias em dolomita blocosa mostram uma ampla variação na Th, evidenciando reequilíbrio pós-aprisionamento. Estas incluem uma FIA de fluidos aquosos com Th de 66 a 67 °C e salinidade de 1 a 2 wt%, outra FIA de condensado de gás com Th de 74 a 132 °C, que coexiste com FIs aquosas com Th de 74 a 130 °C e salinidade de 21 a 22 wt%. Duas FIAs de óleo leve com Th de 80 a 82 °C, coexistem com FIs aquosas com Th de 80 a 91 °C e salinidade de 20 a 22 wt%. Uma FIA de óleo médio com Th de 88 °C coexiste com inclusões aquosas com Th de 97 °C e salinidade de 18 wt%. Cinco FIAs de óleo leve a pesado mostram Th de 55 a 118 °C. Esses dados permitiram caracterizar um sistema com um complexo histórico de percolação de fluidos. Na calcita esferulítica e na dolomita blocosa eodiagenética, a presença de óleo leve sugere a atividade de um sistema petrolífero hidrotermal in situ ou nas cercanias. Nestas dolomitas, o fluido aquoso de baixa salinidade pode estar relacionado a fluidos juvenis. Já nas dolomitas substitutivas e blocosas mesodiagenéticas é possível inferir a ação de um sistema hidrotermal de geração, transportando fluidos que variam desde condensado de gás, óleo leve a pesado, por vezes associados a fluidos aquosos com salinidades intermediárias a elevadas. A variação na salinidade pode indicar a diluição dos fluidos conatos salinos por pulsos de fluidos juvenis salobros. Estes podem ter migrado pelo sistema de falhas adjacentes ao poço. O grau de evolução térmica dos hidrocarbonetos é incompatível com as temperaturas mínimas de aprisionamento das inclusões fluidas, sugerindo que o evento térmico gerador desses óleos ocorreu em outro local com maiores temperaturas. Com o posterior aquecimento devido ao soterramento da seção, temos evidências de reequilíbrio de algumas FIAs por processos de estiramento. Esses resultados trazem novas perspectivas sobre a evolução diagenética dos depósitos carbonáticos da Formação Barra Velha e seu sistema petrolífero na Bacia de Santos.

Palavras Chave

salinidade de fluidos; condensado de gás; óleo leve a pesado; petróleo hidrotermal

Área

TEMA 08 - Sistemas petrolíferos, exploração e produção de hidrocarbonetos

Autores/Proponentes

Jaques Soares Schmidt, Argos Silveira Schrank, Thisiane Christine Dos Santos, Sabrina Danni Altenhofen, Mariane Cristina Trombetta, Elias Cembrani Da Rocha, William Silveira Freitas, Amanda Goulart Rodrigues, Luiz Fernando De Ros, Anderson Jose Maraschin, Rosalia Barili, Felipe Dalla Vecchia