51º Congresso Brasileiro de Geologia

Dados da Submissão


Título

GEOLOGIA DO PEGMATITO IPÊ COM VISTAS AO SEU APROVEITAMENTO COMO ROCHA ORNAMENTAL

Texto do resumo

O pegmatito Ipê integra o campo pegmatítico de Marilac, localizado próximo ao distrito de Santo Antônio do Pontal, noroeste da cidade de Governador Valadares, Estado de Minas Gerais (Brasil). No local ocorre um paredão vertical de orientação NNE, com cerca de 80 m de altura, onde em sua base funcionou um antigo garimpo subterrâneo para a extração de gemas. Mais recentemente, a área também foi explorada para a extração de blocos de pegmatito para o setor de rochas ornamentais. Desde 2021, todas as atividades de lavra foram suspensas. Este estudo teve como objetivo o levantamento geológico de superfície na escala de detalhe de uma área de aproximadamente 12 hectares, com vistas ao aproveitamento econômico deste material como rocha ornamental. Para tanto, adotou-se técnicas clássicas de mapeamento geológico, com apoio de imagens aéreas adquiridas por drone. Os resultados mostraram que a encaixante corresponde a um quartzo biotita xisto cinza, com granada milimétrica, crenulado, cujos planos de xistosidade possuem atitude model 084/25 (dip direction/dip). Ocorrem encaixado na foliação (envelopados), três corpos espessos e paralelos de pegmatito branco de composição granítica. Estes corpos possuem formato de lente e afloram na face da escarpa em diferentes elevações, sendo aqui denominados como corpo pegmatítico superior, intermediário e inferior. O corpo superior possui aproximadamente 7 m de espessura, o intermediário 12 m e o inferior 30 m. Os corpos superior e inferior possuem cerca de 200 m de comprimento na direção NNE e o corpo intermediário apenas 100 m. Os corpos superior e intermediário não mostram zoneamento mineralógico evidente. O corpo intermediário mostra-se ligeiramente caulinizado e friável. A mineralogia essencial do corpo inferior é composta por plagioclásio intercrescido com quartzo (textura gráfica), biotita, quartzo (incolor, leitoso e rosa) e muscovita, e a acessória por granada (milimétrica) e berilo (< 40 cm). Sua borda superior possui maior concentração de micas, que estão preferencialmente dispostos na direção vertical, podendo atingir 1,5 m de comprimento. A parte interna do corpo é mais rica em cristais de quartzo e as micas nesta zona ocorrem em menor quantidade e não passam de 20 cm. No teto da galeria subterrânea principal observa-se alguns roof-pendants da encaixante. Os corpos pegmatíticos mostram-se via de regra pouco fraturados. Conclui-se que o corpo de pegmatito inferior é o que apresenta maior potencial econômico, tendo em vista sua maior espessura e variedade mineralógica. Contudo, blocos com alto teor em micas, que são minerais escamosos e de baixa dureza, podem comprometer a integridade física dos blocos e chapas. Os cristais de granada podem comprometer o padrão estético e a comercialização do material devido ao aparecimento de manchas ocasionada pela alteração química mineral. Finalmente, recomenda-se a realização de furos de sondagem para a determinação do volume de material lavrável.

Palavras Chave

Mineração; Pedreira; Material exótico.

Área

TEMA 14 - Agrominerais, Rochagem, Rochas Ornamentais e Gemologia

Autores/Proponentes

Marcos Eduardo Hartwig, Vinícius Scherrer Pinheiro, Bárbara Reis Fardim