51º Congresso Brasileiro de Geologia

Dados da Submissão


Título

GEOCRONOLOGIA APLICADA A ESTUDOS DE PROVENIÊNCIA SEDIMENTAR: O MÉTODO RADIOMÉTRICO K-Ar EM GLAUCONIAS NO ENTENDIMENTO DO PREENCHIMENTO SEDIMENTAR DO CONE DE RIO GRANDE (BACIA DE PELOTAS OFFSHORE)

Texto do resumo

As sequências marinhas pleistocênicas-holocênicas do Cone do Rio Grande (CRG) (Bacia de Pelotas offshore, Margem Sul do Brasil) são predominantemente compostas por depósitos lamosos. Entretanto, finas camadas arenosas intercaladas contêm assembleias de minerais pesados, foraminíferos planctônicos pleistocênicos-holocênicos, shards e grãos verdes, cujas análises revelaram serem minerais glauconíticos, passíveis da aplicação do método radiométrico K-Ar para fins de estudo de proveniência sedimentar. Para a aplicação confiável do método radiométrico K-Ar, faz-se necessária a caracterização petrográfica e química dos grãos verdes para verificação dos aspectos morfológicos dos grãos, bem como do conteúdo de K. Neste trabalho foram integrados os resultados obtidos por análises em Microssonda Eletrônica, Microscopia Eletrônica de Varredura e de Transmissão. Os minerais glauconíticos ocorrem como: (01) grãos verde-amarelados com superfícies lisas, baixo teor de K2O e moderado teor de Fe2O3, (02) grãos verdes claros com superfícies levemente fraturadas com teores moderados de K2O e Fe2O3, e (03) grãos verde-escuros caracterizados por superfícies fraturadas (fissuras) e elevados teores de K2O e Fe2O3. Essas características os classificaram como minerais glauconíticos, variando de esmectita glauconítica a mica glauconítica (glauconita strictu sensu), indicando os estágios nascente e intermediário (ligeiramente evoluído e evoluído), produtos do processo de glauconitização. A datação radiométrica K-Ar indicou idades de 33,2 ± 0,99 a 6,69 ± 0,54 Ma correspondendo do Estágio Rupeliano (Oligoceno) ao Estágio Messiniano (Mioceno). As idades mais antigas estão relacionadas aos grãos com menor teor de K (menos evoluídos), enquanto que as idades mais recentes correspondem aos grãos com maior teor de K (mais evoluídos). Considerando estes grãos glauconíticos inseridos em uma sequência quaternária, foi atribuída uma origem alóctone (detrítica), cujas prováveis áreas-fonte são sequências sedimentares mais antigas (Oligoceno-Mioceno), expostas no fundo do mar ao longo de cinturões de dobramento e empuxo, relacionadas ao colapso gravitacional do depocentro do CRG. Após a erosão dessas sequências, os minerais glauconíticos foram distribuídos pelas correntes de contorno e, posteriormente, depositados nos depósitos quaternários do CRG. As correntes marinhas que mais influenciaram neste processo foram, provavelmente, as águas profundas da Antártida (AABW), que flui do sul para o norte, as Águas Profundas do Atlântico Norte (NADW), que flui do norte para o sul, e a AAC (Corrente Circumpolar Antártica) que se move do oeste para o leste. Este estudo permitiu a aplicação da Geocronologia K-Ar para uma melhor compreensão do preenchimento sedimentar do CRG durante o Pleistoceno-Holoceno, bem como para a evolução geológica da Bacia de Pelotas.

Palavras Chave

PALAVRAS-CHAVE: Minerais glauconíticos; Datação radiométrica K-Ar; Proveniência; Cone do Rio Grande; Contornitos.

Área

TEMA 18 - Geocronologia e Geoquímica Isotópica

Autores/Proponentes

Anderson José Maraschin, George Luiz LUvizotto, Ana Maria Mizusaki, João Marcelo Medina Ketzer