51º Congresso Brasileiro de Geologia

Dados da Submissão


Título

TRAMAS S-C-C’ EM MACRO- MESO- E MICROESCALA NAS ZONAS DE CISALHAMENTO AFOGADOS DA INGAZEIRA E JURU, PROVÍNCIA BORBOREMA, NE DO BRASIL

Texto do resumo

Zonas de cisalhamento (zc) exumadas são importantes elementos estruturais para a compreensão de regimes tectônicos. As rochas que as compõem são caracterizadas por trama milonítica formada por duas ou três estruturas planares: foliação S, de geometria sigmoidal, caráter penetrativo e de direção oblíqua aos limites da zc e bandas de cisalhamento C, paralelas à zc. Com o avanço da deformação o ângulo entre as foliações S e C diminui, até que elas se tornam paralelas e, em material anisotrópico, desenvolve-se a foliação C’, oblíqua à trama S-C. A direção do plano da foliação S é paralela ao plano XY do elipsóide de deformação e o ângulo entre as foliações é determinado pela deformação não-coaxial. Desta forma, a relação angular entre os elementos da trama S-C(-C’) é considerado um indicador cinemático confiável, aplicado em diferentes escalas. A Subprovíncia Central da Província Borborema tem sua arquitetura controlada por um extenso sistema de zc e neste contexto encontram-se as zc Afogados da Ingazeira e Juru, localizadas nos estados de Pernambuco e Paraíba, com direções NE-SW e E-W, respectivamente. A caracterização destas estruturas, realizada através de interpretação de imagens aerogeofísicas, trabalho de campo e análise microestrutural, revela tramas S-C-C’ bem desenvolvidas em macro-, meso- e microescala. Imagens aeromagnetométricas exibem lineamentos magnéticos de geometria anastomosada e imagens gamaespectrométricas delimitam domínios composicionais em forma de sigmóides, configurando uma trama S-C em macroescala: sinistral na zc Afogados da Ingazeira e destral na zc Juru. Lineamentos magnéticas de direção NNE-SSW na zc Afogados da Ingazeira e WNW-SSE na zc Juru, equivalentes a bandas de cisalhamento C’, corroboram as cinemáticas sinistral e destral dessas zc. Em mesoescala, a zc Afogados da Ingazeira apresenta foliação milonítica com direção NE-SW com mergulho entre 60 e 90° e lineação de estiramento com caimento baixo para nordeste e a zc Juru foliação ENE-WSW e forte lineação com caimento para SW. Trama S-C truncada por bandas C’ domina em protólitos graníticos enquanto em protólitos metapelíticos dominam bandas C’ e são consistentes com as cinemáticas sinistral e destral das zc. Na parte central da área estudada, na região de confluência entre as zc, foi encontrada foliação S-C de direção NW-SE e cinemática sinistral sobreposta por foliação C’ tardia, de direção 120 Az e cinemática destral. A análise microestrutural revela trama S-C-C’ bem desenvolvida em amostras de rochas que compõem ambas zc. A foliação S é definida por porfiroclastos de feldspatos com geometria sigmoidal envoltos por fitas de quartzo, foliação C definida por muscovita, frequentemente em microestrutura de mica fish, ou biotita, ambos de granulação média, e foliação C’ composta por biotita de granulação fina. Estes marcadores também indicam cinemática sinistral na zc Afogados da Ingazeira e destral na zc Juru. Plagioclásio apresenta geminação mecânica e feldspato potássico pertita em chamas, mirmequitas e bandas de deformação. Os feldspatos e quartzo apresentam recristalização dinâmica por rotação de subgrãos. A tectônica registrada nestas zc revela intensa deformação na forma de repetição sistemática da trama S-C-C’, e seus aspectos geométricos, nas diferentes escalas observadas.

Palavras Chave

Província Borborema; Zonas de cisalhamento; indicadores cinemáticos.

Área

TEMA 17 - Tectônica e Evolução Geodinâmica

Autores/Proponentes

Iana Lara Albuquerque, Sérgio Neves