Dados da Submissão

Título

INCLUSÃO DE ANATÁSIO EM DIAMANTE SUPER-PROFUNDO

Texto do resumo

Os diamantes e suas inclusões minerais contêm informações cruciais sobre o manto terrestre. No caso de diamantes super-profundos, formados a mais de 300 km de profundidade, as inclusões minerais neles encontradas são de extrema importância para as investigações da zona de transição do manto inferior. O anatásio (TiO₂) é um dos três polimorfos principais do dióxido de titânio, sendo os outros dois o rutilo e a brookita, cuja estabilidade esta comumente associada a baixas pressões e temperaturas. Quando encontrado em diamantes, o anatásio é associado à origem epigenética. No entanto, ele já foi documentado como inclusão primária em diamantes e como mineral acessório em kimberlito, ambos formados sob alta pressão e temperatura no manto superior. Este estudo tem como objetivo investigar a origem desses polimorfos de TiO2 em diamantes super-profundos, assim como sua estabilidade no manto superior. Para isso, foram escolhidos dois diamantes (TC04 e SL03) provenientes de Juína, Mato Grosso, formados na zona de transição do manto ou início do manto inferior. Inclusões minerais presentes nos dois diamantes foram analisados por espectrometria Raman. Utilizou-se o laser vermelho (633 nm) com 17mW e 100% de potência, abrangendo a faixa espectral de 100-1280 cm-1. Na amostra SL03 foi identificado 3 cristais de anatásio com seus picos característicos em ~144, 392, 518 e 633 cm-1. Na amostra TC04, também foi detectado um cristal de anatásio. Além disso, nas duas pedras foram encontrados outros minerais que ainda não foram devidamente identificados. Por meio desses resultados, com a presença de anatásio em diamantes super-profundos, entende-se que este mineral pode ser primário e ter sido formado sob alta pressão, mas sugere-se que sua estabilidade pode depender de outros fatores químicos e físicos ainda não compreendidos. Um exemplo é que o anatásio é comumente encontrado na borda de perovskita como produto de reações metassomáticas causadas por magmas insaturados em sílica. Por fim, a próxima etapa deste estudo é determinar a estabilidade do anatásio e demais polimorfos de TiO2 por meio de experimentos de alta pressão e temperatura, utilizando o pistão cilindro e Diamond Anvil Cell (DAC), e testar a estabilidade em experimentos de reações metassomáticas causadas por líquidos insaturados em sílica, como carbonatitos.

Palavras Chave

Anatásio; Manto Profundo; Diamante; Altas Pressões