51º Congresso Brasileiro de Geologia

Dados da Submissão


Título

SERIA O SOL UM INDICADOR PARA DESASTRES AMBIENTAIS?

Texto do resumo

Na Geologia aprendemos e nos habituamos a analisar, concluir, construir modelos e fazer predições com fundamentação científicas sobre objetos e eventos cegos, não visíveis: fenômenos na subsuperfície e em um passado remoto. O procedimento é muito usado em atividade exploratória para recursos minerais. A partir de indicadores diretos e indiretos e através de um processo de inversão buscamos reconstituir a existência de forçantes e realizações criadoras do objeto ou evento hipotético procurado. Neste contexto de desenvolvimento da Geologia, a compreensão dos eventos atuais foi fundamental para a modelagem do passado, como princípio básico. A intensa ocupação e consequente alteração dos ambientes, mesmo os de alto risco, pela atividade humana, associadas a mudanças climáticas, têm trazido demandas novas e levado a Geologia a uma nova dimensão: conhecer os eventos atuais para o controle, prevenção, predição e adaptação a eventos e condições futuras. Em muitos estudos geológicos tem-se tornado evidente a existência de fenômenos cíclicos e a influencia do sistema solar nos processos geológicos no planeta, por sua dinâmica própria e por sua progressão na galáxia. Afinal o Sol, é responsável pelo clima na Terra. Até poucas décadas era considerada uma estrela estável, entretanto tem revelado alterações cíclicas na irradiância e nas tempestades magnéticas, mensuráveis e significativas, de longo e curto termo, que afetam até dramaticamente a atmosfera e o campo magnético da terra. A investigação realizada analisa tais relações da atividade solar, no contexto do aquecimento global moderno e dos desastres naturais no Brasil, nos últimos 100 anos. Utilizam-se dados disponíveis na literatura e em banco de dados oficiais de diversos tipos: (a) indicadores (especialmente mortes) por desastres associados a inundações e a movimentos de massa globais e em cinco regiões: Serra do Mar sudeste (SP-RJ), Brasil Central (MG), Litoral Nordeste (PE), Amazônia Oriental (PA) e ocidental (AC), e Sul do Brasil (PR-SC-RS); (b) anomalias globais e regionais de precipitação e de temperatura; (c) indicadores de anomalias na atividade solar global e eventos correlativos regionais e globais. Adota-se o modelo geológico processo-resposta, porém do tipo forçante-processo-estímulo-resposta. Neste modelo, estímulo representa as condições espaciais e temporais favoráveis no macroambiente. Comparam-se séries de eventos como enchentes, secas e movimentos de massa, potencialmente associados a catástrofes ambientais naturais, com variações na atividade solar, potencialmente causadoras. Utilizam-se essencialmente procedimentos de correlação e probabilidade condicional entre séries temporais. Conclui-se que, entre as variações na atividade solar e as ambientais, existe uma relação não determinística, não unívoca e não síncrona entre as forçantes e os eventos. A relação é probabilística condicional, com retardo e respostas regionais diferenciadas, onde se combinam diferentes frequências de recorrência de ciclos solares. Tal probabilidade condicional, no domínio temporal, especialmente se associada ao domínio espacial, pode ser usada para predição de épocas mais favoráveis a riscos e atenuação dos efeitos desastrosos de eventos meteorológicos intensos e recorrentes.

Palavras Chave

Desastres ambientais; atividade solar; probabilidade de recorrência

Área

TEMA 06 - Paleoambiente e mudanças climáticas

Autores/Proponentes

Paulo Cesar Soares