51º Congresso Brasileiro de Geologia

Dados da Submissão


Título

INCURSÕES MARINHAS DO APTIANO INFERIOR NO PROTO- OCEANO ATLÂNTICO SUL: EVIDÊNCIAS DE FORAMINÍFEROS PLANCTÔNICOS

Texto do resumo

A ocorrência das primeiras incursões marinhas nas bacias interiores e marginais brasileiras, durante o Cretáceo Inferior, tem sido tema de debate há alguns anos. Nessas bacias, há registros isolados de microfósseis marinhos, que representam incursões episódicas relacionadas à abertura do proto-oceano Atlântico Sul. A escassez ou ausência de microfósseis marinhos diagnósticos de idade nessas sequências do Cretáceo Inferior resultou na criação de arcabouços bioestratigráficos locais (Série Recôncavo) baseados em ostracodes e palinomorfos. Estes andares tem sido utilizados desde a década de 70, sem calibração precisa com uma escala internacional. Pela mesma razão, a ocorrência e idade das primeiras incursões marinhas, devido às evidências paleontológicas pobres e esparsas, ainda são objeto de debate. Desde a década de 90, ocorrências isoladas de foraminíferos bentônicos (Bacia do Recôncavo), bem como restos orgânicos de foraminíferos recuperados em análises palinológicas (Bacia de Campos), levantaram discussões acerca da idade das primeiras incursões marinhas nessas bacias. Na Bacia Sergipe-Alagoas, foram descritos amonóides associados a foraminíferos planctônicos que podem indicar estratos da parte superior do Aptiano inferior (topo da zona Leupoldina cabri). Na Bacia do Araripe, foram identificados foraminíferos nas formações Barbalha e Crato, em testemunhos de 7 poços da CPRM. Na parte inferior da Formação Barbalha (Camadas Batateira) foram identificados abundantes foraminíferos bentônicos (Bathysiphon sp.). Na porção superior desta formação ocorre um nível com foraminíferos planctônicos: Leupoldina sp., Globigerinelloides cf. barri, Globigerinelloides cf. ferreolensis e Gorbachikiella cf. kugleri, correlacionados às biozonas internacionais L. cabri/ G. algerianus, do Aptiano inferior/ médio inferior. Na formação Crato foram identificados foraminíferos planctônicos (ticinelídeos e hedbergelídeos) e bentônicos (miliolídeos) localmente associados com radiolários. Nas formações Ipubi e Romualdo, vários estudos reportaram a ocorrência de foraminíferos planctônicos e bentônicos. Na Bacia Sanfranciscana, o registro de radiolários e foraminíferos em níveis de chert estudado desde a década de 90, tem sido motivo de debate e especulação sobre sua origem, já que esses estratos estão intercalados em uma sequência considerada continental. Uma nova campanha de campo em várias seções da Bacia Sanfranciscana, com uma amostragem de detalhe nos intervalos com chert, revelou a ocorrência dos foraminíferos planctônicos Leupoldina cf. cabri, Globigerinelloides cf. barri e Hedbergella cf. semielongata, cuja distribuição estratigráfica corresponde às biozonas de foraminíferos L. cabri / G. ferreolensis, do Aptiano inferior/ médio inferior. As ocorrências dessa associação de foraminíferos planctônicos tanto na bacia do Araripe quanto na Sanfranciscana evidencia o registro das primeiras ingressões marinhas cretáceas nas bacias interiores brasileiras. Qualquer correlação entre estas sequências assim como possíveis rotas das incursões e processos que transportaram esses fósseis marinhos até estas bacias ainda ainda são objeto de amplo debate, e envolvem uma compreensão dos processos tectônicos que condicionaram a paleogeografia e paleoceanografia do proto-oceano Atlântico Sul. Essas ocorrências de foraminíferos nas bacias do Araripe e Sanfranciscana confirmam que incursões marinhas atingiram estas bacias interiores pelo menos ao final do Aptiano inferior.

Palavras Chave

Aptiano; Foraminíferos planctônicos; Leupoldina cabri; Bacia do Araripe; Bacia Sanfranciscana

Área

TEMA 21 - Estratigrafia, Sedimentologia e Paleontologia

Autores/Proponentes

Oscar Strohschoen Junior, Guilherme Krahl, Fernanda Luft-Souza, Simone Baecker-Fauth, Gerson Fauth