51º Congresso Brasileiro de Geologia

Dados da Submissão


Título

Evolução de orógenos neoproterozoicos no centro-leste do Brasil e a formação diacrônica do Cráton do São Francisco.

Texto do resumo

Uma síntese sobre a evolução de orógenos neoproterozoicos da região centro-leste do Brasil é aqui apresentada, com ênfase na superposição de bacias sedimentares. Além disto, a evolução tectônica neoproterozoica diacrônica e formadora do Cráton do São Francisco (CSF) é demonstrada.
O orógeno Brasília Sul compreende uma complexa margem passiva toniana constituída pelos Grupos Vazante, Canastra e Araxá e rochas metamáficas e metaultrabásicas de antiga crosta oceânica. Ainda no Toniano desenvolveu-se importante sistema de arcos magmáticos insulares, com bacias sedimentares adjacentes (fore-arc, back-arc). Posteriormente, no Criogeniano–Ediacarano, forma-se uma bacia foreland de retroarco com parte do Grupo Araxá, Grupo Ibiá e também o Grupo Bambuí. Uma colisão continental (650-610 Ma) entre o CSF e Cráton Paranapanema gerou estrutura de nappes superpostas, com foliação sub-horizontal S1-2.
O orógeno Brasília Norte compreende a margem passiva Steniana do Grupo Paranoá, as rochas Tonianas dos complexos máficos-ultramáficos e do arco magmático insular de Mara Rosa, com bacias vulcano-sedimentares associadas. Para leste, as unidades estão empurradas sobre as rochas dos Grupos Serra da Mesa, Araí e embasamento. Apresenta uma estrutura de thrust–fold belt com proeminente foliação S1 e importante tectônica transpressiva do lineamento Transbrasiliano.
Na região norte do CSF ocorre a faixa Rio Preto e o orógeno Riacho do Pontal-Sergipano. Na faixa Rio Preto destaca-se o rifte Criogeniano–Ediacarano da Formação Canabravinha, com sedimentação gravitacional, intensamente deformado no limite Ediacarano-Cambriano. O orógeno Riacho do Pontal - Sergipano mostra evolução semelhante, com riftes Toniano e Criogeniano (Brejo Seco, Miaba e Canindé), depois sucedidos pela margem passiva Criogeniana–Ediacarana, compreendida pelas unidades Santa Filomena, Barra Bonita, ofiolito Monte Orebe (PI) e Grupos Vaza Barris-Macururé (SE). Por fim, desenvolve-se um arco magmático cordilherano (630-610 Ma), com sedimentos associados de retroarco. No cinturão Sergipano ocorre importante sedimentação glacial e gravitacional. Dois eventos glaciais são reconhecidos: Esturtiano e Marinoano. Uma colisão continental entre o CSF e o maciço Pernambuco-Alagoas -PEAL (610-550 Ma), com intensa deformação orogênica (nappes, thrusts e dobras), vergência para o sul e acomodação por zonas de cisalhamento transcorrente dextral, como o lineamento Pernambuco (PE).
No orógeno Aracuaí ocorreu, inicialmente, um rifte Toniano, com sedimentação fluvial e marinha e rochas metabásicas. Foi depois superposto por um rifte - margem passiva Criogeniano-Ediacarano do Grupo Macaúbas, com sedimentação gravitacional e influência glacial, que grada para uma crosta oceânica e sedimentos distais (Formação Ribeirão da Folha). Dois eventos glaciais podem ser reconhecidos, possivelmente Sturtiano e Marinoano. Uma bacia foreland de retroarco ocorre no topo, com sedimentação turbidítica sin-orogênica do Grupo Salinas, parcialmente derivada do arco magmático cordilherano do Rio Doce.
Por fim, importante ressaltar os três eventos colisionais diacrônicos na estruturação e formação do CSF: 1) colisão tríplice ocidental (CSF, Cráton Paranapanema e Cráton Amazônico, 650-610 Ma, até 550 Ma); 2) colisão norte entre CSF e PEAL (620-550 Ma); 3) colisão entre CSF e Cráton do Congo (580-510 Ma).

Palavras Chave

Bacias Sedimentares Neoproterozoicas; Formação do Gondwana Ocidental; Tectônica Colisional.

Área

TEMA 17 - Tectônica e Evolução Geodinâmica

Autores/Proponentes

Alexandre Uhlein, Gabriel Jube Uhlein, Fabricio Andrade Caxito, Samuel Amaral Moura