51º Congresso Brasileiro de Geologia

Dados da Submissão


Título

GÊNESE DE DEPÓSITO DE OURO PALEOPROTEROZÓICO, CRÁTON AMAZÔNICO, BRASIL: DADOS DE ZONEAMENTO HIDROTERMAL, DO SISTEMA DE FLUIDOS E DE ISÓTOPOS ESTÁVEIS.

Texto do resumo

A Província Mineral Juruena, no sul do Cráton Amazônico, é uma província mineral emergente de classe mundial devido aos numerosos depósitos com recursos de Au, Cu e metais base encontrados. O depósito de Au (±Cu) Raimunda, localizado ao leste da província, é espacial e geneticamente relacionado ao granito Novo Mundo, do tipo I, calcioalcalino e com idade entre 2,03 e 1,98 Ga. As porções mineralizadas são fortemente alteradas, compreendendo o metassomatismo sódico incipiente, a microclinização, a alteração propilítica e sericítica, a silificação, a sulfetação e a carbonatação tardia. A mineralização é disseminada e geneticamente associada à alteração sericítica (au1) e à sulfetação (au2). O estágio inicial de mineralização do depósito é caracterizado por ouro incluso em pirita que ocorre em veios e vênulas, associada à calcopirita, e os dados de geotermômetro da clorita em paragênese com o quartzo associado a este estágio mostram temperaturas entre 350° e 480°C. O estágio principal da mineralização, contemporâneo à sulfetação, ocorre como grãos de ouro inclusos e preenchendo fraturas na massa da pirita associada à calcopirita e aos demais sulfetos de cobre e bismuto, como a calcocita, a larosita ((Cu, Ag)21(Pb, Bi)2S13), a bismutinita, a hodrushita (Cu8Bi12S22), a krupkaita (PbCuBi3S6) e a wittchenita (Cu3BiS3). Dados do geotermômetro da clorita e de temperaturas de homogeneização de inclusões fluidas associados ao segundo evento aurífero indicam condições de T entre 325° e 380°C. A ocorrência de inclusões coevas ao fluido aquoso, aquoso-carbônico de alta temperatura, além dos estágios de homogeneização para o vapor e para o líquido, indica a imiscibilidade do fluido e/ou mistura de fluidos quentes e mais salinos com fluidos provenientes de fontes meteóricas. Fluidos ricos emH2O-NaCl-CaCl2, contemporâneos à carbonatação tardia, posteriores à mineralização, foram aprisionados em temperaturas mais baixas (190,6°–259 °C). Os dados de δ18Oqz e de δ18OH2O variam entre 9 a 11,5‰ e 2,63 a 6,76‰ para os grãos de quartzo em paragênese com a sericitização, e entre 11,1 a 12,6‰ e de 4,73 a 7,86‰ para aqueles associados ao principal estágio da mineração. Para o enxofre, os dados de δ34S em pirita mostram intervalos de -0,5 para aquelas associadas à sericitização, e de -1,4 a +0,1, para as associadas à sulfetação. Em ambos os casos, os fluidos são remetidos à origem magmática. Esses dados sugerem que os primeiros fluidos foram exsolvidos a partir de atividades magmáticas e, posteriormente, misturados com água meteórica. Interpreta-se que o ouro foi inicialmente transportado do magma a partir de complexos cloretados em um fluido quente, de salinidade média, ácido e oxidado, e posteriormente transportado por completos de H2S-. A diminuição da temperatura durante a subida do fluido, a imiscibilidade ou o aumento do pH são interpretados como fatores responsáveis pela precipitação do minério. As características geológicas, petrológicas e geoquímicas do depósito de ouro Raimunda são semelhantes as dos depósitos magmático-hidrotermais de ouro de classe mundial relacionados a granitos oxidados do tipo Au pórfiro.

Palavras Chave

Mineralização de ouro; alteração hidrotermal; fluidos mineralizantes; modelo metalogenético.

Área

TEMA 09 - Recursos Minerais, Metalogenia, Economia e Legislação Mineral

Autores/Proponentes

Adriana Araujo Castro Lopes, Marcia Abrahão Moura