51º Congresso Brasileiro de Geologia

Dados da Submissão


Título

Evolução diagenética do substrato carbonático da Elevação do Rio Grande

Texto do resumo

A Elevação do Rio Grande (ERG) é o maior planalto do Atlântico Sul, abrangendo uma área de aproximadamente 150.000 km², localizada a cerca de 1000 km a leste da costa brasileira. Este planalto apresenta uma faixa batimétrica variando entre 600 e 2000 metros, formando regiões de profundidades reduzidas em contraposição a áreas adjacentes que atingem até 4000 metros. A origem vulcânica da ERG forneceu o substrato para deposições carbonáticas e alterações diagenéticas ao longo da era Cenozoica. Durante a década de 2010, campanhas científicas promovidas pelo Serviço Geológico do Brasil (SGB) procederam à coleta de amostras do substrato oceânico da ERG, englobando crostas de Fe-Mn, rochas carbonáticas, vulcânicas e fosfáticas. Lâminas de rochas carbonáticas/fosfáticas foram elaboradas com o intuito de decifrar a evolução eogenética dos cimentos e substituições presentes no substrato carbonático. Foram identificadas 5 categorias de microfácies diagenéticas de carbonatos: rudstones fosfáticos (Rf), crystaline fosfáticos (Cf), grainstone bioclástico fosfatizado (Gbf), wackstone silicificado (Wf) e grainstone ferruginizado (Gf). As algas vermelhas, moluscos e foraminíferos planctônicos figuram como os bioclastos mais prevalentes em todas as fácies, sendo muitos deles dissolvidos ou substituídos. A fácies Rf é caracterizada por depósitos de água-rasa fosfatizados, apresentando uma matriz micrítica quase totalmente substituída, assim como bioclastos carbonáticos remanescentes. Já na fácies Cf, observou-se uma recristalização quase completa da estrutura original, com alguns resquícios de bioclastos. Pelo menos três fases distintas de cimentação puderam ser discernidas nesta fácies, cada qual apresentando características singulares: uma primeira fase, com uma textura laminar de tonalidade rosa; uma segunda fase, de aspecto transparente e fibroso; e, por fim, uma terceira fase, de coloração branca, composta predominantemente por calcita, encerrando as porosidades interpartícula. Enquanto isso, na fácies Gbf, foram encontrados principalmente fragmentos de bioclastos de algas vermelhas, corais, briozoários, moluscos, equinodermos e macro-foraminíferos e fragmentos vulcânicos. Os principais cimentos presentes nesta fácies consistem em revestimentos de fosfatos ao redor dos grãos, variando de coloração entre amarelo e marrom escuro, além de cimentos botroidais associados a fluidos de Fe-Mn. A fácies Wf está quase inteiramente silicificada, com fábrica original totalmente obliterada restando apenas alguns foraminíferos. A fácies Gf é dominada por algas vermelhas contendo cimentação carbonática e ferrosa. As fácies que contêm bioclastos provenientes de águas rasas, juntamente com a cimentação em franjas oriunda de ambientes freáticos, associadas à eogênese meteórica de águas rasas, evidenciam um contexto óxico durante o processo deposicional e de litificação. Tais características sugerem a possibilidade de batimetrias mais superficiais para a Elevação do Rio Grande (ERG) durante esses eventos. A fosfatização, por sua vez, provavelmente ocorreu em proximidade às Zonas de Mínimo de Oxigênio (OMZ), devido ao aumento da produtividade primária decorrente das transições climáticas do Mioceno médio. Já as silicificações possivelmente estão relacionados ao eventos de enriquecimento de sílica do Sudoeste Atlântico durante o Paleógeno e Eomioceno.

Palavras Chave

Elevação do Rio Grande; Carbonatos; diagênese

Área

TEMA 22 - Geociências Marinha e Oceanografia

Autores/Proponentes

Diogo Augusto Matos, Rafael Oliveira Silva, Mariangela Garcia Praça Leite