Dados da Submissão

Título

O depósito Bandeira no vale do lítio, Araçuaí-MG: exemplo de um projeto de sucesso em pegmatitos ricos em espodumênio

Texto do resumo

O depósito Bandeira representa uma descoberta recente e expressiva da empresa MGLit/Lithium Ionic, atuante no Vale do Jequitinhonha, no distrito pegmatítico de Araçuaí, que é parte do denominado Vale do Lítio. As rochas mineralizadas em lítio nesse depósito são pegmatitos ricos em espodumênio (spodumene-rich pegmatites; SRP) que compõem um enxame de diques intrusivos na sequência meta-sedimentar da Formação Salinas, que é, na área, constituída de cordierita-biotita-xistos, com intercalações de rochas cálcio-silicáticas. Com base em descrição de testemunhos de sondagem, verifica-se que os pegmatitos são não zonados e mineralogicamente simples, com elevado conteúdo modal de espodumênio (média de 20 a 25% em volume), disseminados em uma matriz rica em albita, quartzo e feldspato potássico pertítico, cuja soma modal varia de 70 a 75% em volume. Os 5% restantes correspondem a quantidades variáveis de muscovita e minerais acessórios como columbita-tantalita, cassiterita, fosfatos litiníferos, petalita, berilo, zabuyelita, grafita e sulfetos (esfarelita e pirita). Quando comparados com pegmatitos de cúpula granítica, observa-se que os pegmatitos mineralizados são fortemente enriquecidos em Li e moderadamente enriquecidos em Ba, Be, Nb, P, Sn e Ta, ao passo que são depletados em Cr, Fe, K, Mn e Ni. Esses corpos são entendidos como os produtos mais diferenciados de um sistema magmático plutônico responsável pela cristalização de batólitos e stocks de granitos Tipo-S com diferentes produtos faciológicos observáveis em campo (e.g.: biotita granitos, granitos à duas micas, granitos granadíferos e turmaliníferos e granitos pegmatoides). Esse magmatismo é referente à supersuíte G4 do Orógeno Araçuaí, instalada no contexto pós-colisional da orogênese, entre 535 e 500Ma. Os pegmatitos são fortemente controlados pela estrutura da encaixante e, quando encaixados na foliação regional (N60°E/45°NW), formam corpos tabulares concordantes regulares e paralelos, com espessura média de 6m e projeção no strike e no mergulho chegando a atingir 1km e 800m, respectivamente. Quando encaixados em fraturas, ou na foliação secundária, formam corpos discordantes, por vezes de geometria irregular, porém robustos e que podem atingir até 40m de espessura. 263 furos de sonda foram executados em um período de 2 anos (março de 2022 a março de 2024) e um recurso total de 42Mt (24Mt medido e indicado, a 1.34% de Li2O; e 18Mt inferido, a 1.37% Li2O) foi reportado pela empresa. Dado a geometria dos corpos, a extração do minério no depósito Bandeira ocorrerá por lavra subterrânea com a técnica de sublevel stoping. O plano diretor e layout da mina já estão elaborados e o Plano de Aproveitamento Econômico (PAE) divulgado pela empresa prevê a produção de 217.000t de concentrado de espodumênio/ano, com teor de 5,5% de Li2O. As projeções indicam que o mercado é e será ainda mais carente em lítio para atender a produção de baterias necessárias ao processo de eletrificação global. Nesse sentido, o minério extraído na mina do depósito Bandeira será fundamental para elevar o papel do Brasil como um dos países mais importantes na produção de matéria-prima que impulsionará a transição energética vindoura.

Palavras Chave

lítio; SRP; Bandeira; Vale do Jequitinhonha