51º Congresso Brasileiro de Geologia

Dados da Submissão


Título

REGISTRO DO EVENTO MAGMÁTICO DO CRETÁCEO SUPERIOR EM INCLUSÕES FLUIDAS DE CO2 NA SÍLICA DA BRECHA TECTÔNICA DE RESENDE E SÍLICA TARDIA DA FORMAÇÃO ITAPEMA NA BACIA DE SANTOS

Texto do resumo

A origem e idade da sílica presente nas brechas tectônicas do estado do RJ e nos reservatórios do pré-sal da Bacia de Santos (BS) tem sido tema de debate. Com o objetivo de contribuir para o seu esclarecimento, foram investigadas as inclusões fluidas (IF) presentes em amostras da brecha tectônica da zona de falha de Resende-Quatis e das coquinas da Formação (Fm.) Itapema na área de Libra. Análises de microscopia óptica, MEV-EDS e espectroscopia Raman identificaram IF primárias contendo CO2 na cimentação de megaquartzo em franja do tipo prismática na brecha tectônica e na Fm. Itapema. Os resultados obtidos indicam que o megaquartzo prismático foi precipitado, em ambos os casos, a partir de soluções aquosas aquecidas por fonte de calor de origem magmática. Na brecha, o megaquartzo prismático foi formado no último estágio de deformação da rocha durante o falhamento (ultracataclasito), e o modelo geológico de formação parece ter sido: 1 – fraturamento da rocha encaixante composta majoritariamente de cristais de quartzo; 2 – colocação de corpo magmático de natureza alcalina (indicada pela presença de olivina) e, consequente, aumento do fluxo de calor e aquecimento da água armazenada nas fraturas; 3 – circulação da água quente pelas fraturas, lixiviação da sílica da rocha encaixante, e, assim, formação de um fluido hidrotermal supersaturado em SiO2; e 4 – substituição gradativa dos microgrãos de quartzo, provenientes da fragmentação da rocha encaixante, por opala (resfriamento rápido do fluido hidrotermal) e megaquartzo prismático (resfriamento lento do fluido hidrotermal). Na Bacia de Resende (RDE), os diques de rochas alcalinas injetados nas falhas normais estão associados à formação dos maciços alcalinos do Itatiaia e do Morro Redondo. Datações K-Ar e Ar-Ar da literatura indicam idades para esses maciços de 73 Ma e 73-74 Ma, respectivamente. Neste contexto, podemos dizer que a geração do megaquartzo prismático na brecha de RDE e o aprisionamento das IF de CO2 nele contidas ocorreram durante o magmatismo do Campaniano. Na Fm. Itapema na BS, o megaquartzo prismático se formou durante a diagênese profunda tardia, após significativo soterramento. Neste estágio, também ocorreu fraturamento das coquinas e geração de espaço poroso de fratura. Algumas dessas fraturas encontram-se preenchidas por cimentos de microquartzo e de calcita. Na calcita, ocorrem IF de CO2 e de petróleo primárias indicando que os dois fluidos percolaram simultaneamente no espaço poroso das coquinas durante o estágio de diagênese tardia. A cor de fluorescência da fase óleo das IF de petróleo é azul, o que caracteriza óleo gerado no pico da geração. Trabalho de modelagem térmica apontou que a rocha geradora dos hidrocarbonetos do pré-sal da BS alcançou o pico da geração entre 90 Ma e 70 Ma. Como as IF de CO2 se formaram em simultâneo com as IF de petróleo, bem como na BS ocorrerem rochas ígneas com idades de 85 Ma e 75 Ma, propomos que o aprisionamento das IF de CO2 e a geração dos cimentos diagenéticos tardios que as contêm, entre os quais o megaquartzo prismático, tenham ocorrido nesse intervalo de tempo. A integração dos novos dados de inclusões fluidas com os dados já existentes permite concluir que o magmatismo do Cretáceo Superior foi imprescindível como fonte de calor para o aquecimento da água em que se formou o quartzo hidrotermal da brecha tectônica de RDE e da Fm. Itapema na BS.

Palavras Chave

MAGMATISMO; CO2; inclusões fluidas; brechas tectônicas; pre-sal

Área

TEMA 08 - Sistemas petrolíferos, exploração e produção de hidrocarbonetos

Autores/Proponentes

Marco Brito, Julio Cesar Horta Almeida, Rui Baptista, Miguel Tupinambá, Eugênio Vaz Santos Neto, Monique Mettraux, Davy Raeder Brandão, Luiz Antônio Pierantoni Gambôa