Dados da Submissão

Título

MUDANÇAS NA CIRCULAÇÃO OCEÂNICA NA MARGEM SUDESTE BRASILEIRA NOS ÚLTIMOS 130 KA

Texto do resumo

A Circulação de Revolvimento Meridional do Atlântico (AMOC) desempenha papel crucial no sistema climático global, influenciando a distribuição de calor e nutrientes nos oceanos. Projeções indicam um enfraquecimento da AMOC, com consequências significativas para o clima e a biodiversidade marinha. Isso torna ainda mais importante o conhecimento sobre as variações da AMOC durante eventos climáticos do passado. O objetivo geral do trabalho é entender a variação na paleocirculação no Atlântico Sudoeste, em escala milenar, durante o último ciclo glacial utilizando-se de uma análise multiproxy Análises sedimentológicas (sortable silt) e geoquímicas (razões entre metais, conteúdo de carbonato e isótopos estáveis de oxigênio e carbono em Cibicidoides spp. e Uvigerina dirupta) foram realizadas em um testemunho (CNT 312, comprimento 2,23m, profundidade da lâmina d’água 1343m), coletado no talude intermediário da Bacia de Santos (24,75°S, 43,86°W), permitiram identificar mudanças na velocidade das correntes de fundo e associá-las às variações da AMOC. Durante o EIM 5, houve uma AMOC mais forte, indicada por altos valores de S͞S e uma velocidade de fluxo mais intensa, corroborando estudos anteriores. Foi observada uma queda de velocidade da corrente de fundo de 8cm s-1 na transição do EIM 5 e EIM 4, provavelmente associada a mudança na posição da interface das correntes de contorno. Mas foi obserservado um aumento gradual do sortable silt, e como consequência, da velocidade de corrente do EIM 4 até o presente. Durante o EIM 3 e EIM 2, houve uma alternância de valores altos e baixos em S͞S, associada a eventos Heinrichs. Picos de maiores valores na velocidade da corrente coincidiram com os eventos Heinrich, indicando um enfraquecimento da AMOC durante esses eventos, e evidenciando a gangorra bipolar entre o Hemisfério Norte e Sul. No Holoceno, as mudanças climáticas foram menos pronunciadas, mas ainda houve variações na velocidade de corrente associadas à intensidade da AMOC. A sedimentação hemipelágica foi dominante e dados de metais indicam que não ocorreram mudanças significativas de oxigenação e fonte de sedimentos. As mudanças de velocidade encontradas não coincidem com outros estudos paleoceanográficos de variações de velocidade do núcleo da CCI, por isso elas estão provavelmente associadas a mudanças na interface da CCI e CCP, já que o testemunho está longe do núcleo das duas correntes. O testemunho CNT 312 fornece informações inéditas sobre as mudanças oceanográficas e climáticas na região ao longo do último ciclo glacial.

Palavras Chave

Paleoceanografia; Sortable Silt; Correntes de contorno; Atlântico Sudoeste