51º Congresso Brasileiro de Geologia

Dados da Submissão


Título

TÁLUS: ATENÇÃO, GEÓLOGOS! NEM SEMPRE SÃO TÃO RUINS E NEM SEMPRE SÃO TÁLUS DE FATO!

Texto do resumo

Depósitos de tálus, por serem solos transportados extremamente heterogêneos, porosos e instáveis, indicam potencial elevado a deslizamentos e a recalques diferenciais nas fundações. Esse é um dos axiomas mais antigos da GEOTECNIA, razão pela qual os tálus devem ser identificados adequadamente pelos geólogos. Acontece que nem todo tálus é marcado pela presença de matacões e blocos rochosos imersos na matriz do solo e nem sempre aparece em transição abrupta para o topo rochoso. Há casos em que teve a matriz coluvionar erodida, e que por conta da conexão entre as“pedras”, passa a atuar como uma estrutura de impacto. E há também casos em que o conjunto de “pedras” tem cara, posicionamento e constituição de tálus, mas não é! Neste resumo o objetivo é apresentar dois casos de zonas de concentração de “pedras” que são e não são tálus, e que, mesmo problemáticos, contribuíram de alguma forma para reduzir a capacidade destrutiva dos deslizamentos. Nos dois casos, aplicou-se o mapeamento de ultra detalhe, com trena e bússola. O primeiro caso é o do Hospital São Lucas, em Nova Friburgo (RJ). Em 2007, após uma subsidência de 4m de diâmetro exigir a demolição de um anexo e chegar perto do prédio principal, as investigações mostraram que a subsidência se deveu ao aumento da velocidade do fluxo subterrâneo no tálus, seguido de erosão subterrânea do aterro, e, por isso, procedeu-se ao reforço dos pilares e à restauração de um dique de controle da vazão do talvegue que cruza a área. Já em 2011, no “Megadesastre da Serra Fluminense”, uma corrida de massa mobilizou grande volume de detritos, inclusive blocos rochosos, que atingiram a área do hospital, mas não o prédio. E por que não? Porque o tálus divergiu e obstruiu em parte o fluxo de detritos. Não obstante, à época o Hospital foi interditado (pensou-se até na sua demolição) e até hoje discute-se a construção de uma “Sabodam”para que o risco associado à mobilização das “pedras” (que existe!) seja reduzido. O segundo caso é o da casa No. 16 da rua Alfredo Magiolli, no Grajaú, Rio de Janeiro, a jusante do Pico do Perdido. Lá avaliou-se o risco associado à reativação do deslizamento das “pedras”, um dos históricos de 1966/67 e destacado na Carta Geotécnica 1:10000 (Amaral, 1998). No mapeamento observou-se que parte das “pedras”, em especial as de forma angular, derivaram da escarpa rochosa fraturada. Junto e intermediados, no entanto, há também “pedras” de formato arredondado, individualizados “in situ”, resultados que são do processo de intemperismo ao longo das fraturas tectônicas que compartimentam o maciço rochoso. São, portanto, afloramentos de rocha associados à intrusão horizontal de um granito nos gnaisses encaixantes, representando zonas de amortecimento que podem reter e já retiveram “pedras”advindas de montante, justamente porfuncionarem como “muros de impacto”. Tais análises permitiram avaliar que: (i) a probabilidade de uma das “pedras” se deslocar em relação às outras é muito baixa porque se encontram claramente imbrincadas umas com as outras, ampliando o atrito entre elas; (ii) Todas as “pedras” estão bem apoiadas, a maioria sobre o seu plano mais amplo; (iii) o risco de acidentes é baixo e restrito a uma área de 2m2 devido a eventuais quedas livres de um conjunto de pequenas “pedras” que se distribuem na base de uma das “pedras” maiores.

Palavras Chave

Geotecnia; Risco Geológico; Geologia de Engenharia

Área

TEMA 03 - Risco Geológico, Geologia de Engenharia e Barragens

Autores/Proponentes

Isabela Barros de Olivera Barros, Elisabete do Nascimento Rocha , Matheus Guerart Silva Dutra, Lívia dos Santos Oliveira , Lucas de Araujo Estanqueiro , Marcelo Motta Freitas , Rubem Porto Jr , Claudio Amaral