Dados da Submissão

Título

FLUTUAÇÕES NO NÍVEL DO LAGO E PALEOCLIMA: NOVAS EVIDÊNCIAS PARA A FORMAÇÃO TREMEMBÉ, BACIA DE TAUBATÉ (SP), BRASIL

Texto do resumo

A Bacia de Taubaté (Eoceno-recente), localizada na porção leste do Estado de São Paulo, possui um pacote de rochas pelíticas depositadas em paleoambiente lacustre, as quais estão relacionadas a Formação Tremembé (Oligoceno). Este estudo apresenta novos dados sobre esta sequência sedimentar rica em matéria orgânica, visando auxiliar no entendimento dos controles que afetam a qualidade da rocha geradora e que estão relacionados com as condições climáticas e variações do nível do paleolago. Para isso, foram analisadas 59 amostras de testemunho de sondagem recuperados de um poço com 24,14 metros de profundidade, localizado na cidade de Tremembé, estado de São Paulo.
Os resultados foram obtidos a partir de uma análise minuciosa do material orgânico sedimentar (querogênio) usando microscopia óptica de luz branca transmitida e luz azul/fluorescente, complementada por análises químicas de carbono orgânico total (COT), enxofre (%S) e Pirólise Rock-Eval (picos S1, S2 e Tmax). Os parâmetros óticos e geoquímicos integrados permitem realizar uma interpretação detalhada sobre as variações do nível do lago, condições climáticas e de deposição, origem e qualidade da matéria orgânica sedimentar. A contagem revelou que o querogênio é dominado por palinomorfos, principalmente fitoplâncton de água doce, mais especificamente algas dos gêneros Pediastrum e Botryococcus. Em dois intervalos da seção, entre 7-15 m e 17-19 m de profundidade, há predomínio de Botryococcus em relação ao Pediastrum, o que sugere que este paleolago passou por seguidas fases de aumento na taxa de evaporação, com consequente aumento de salinidade e tendência de raseamento (lago baixo), refletindo condições de um clima mais seco. Por outro lado, o restante da seção apresenta tendência de expansão (lago alto) em condições de clima mais úmido, caracterizado pela dominância de Pediastrum em relação ao Botryococcus, o que reflete a reativação de fontes flúvio-deltaicas e condições de água doce ou baixa salinidade. Em geral, nesta fase tendencialmente de lago alto, existe um aumento no aporte de elementos continentais para o sistema lacustre, associado principalmente a fitoclastos não-opacos, cutículas, membranas e esporomorfos (esporos e grãos de pólen).
A Matéria Orgânica Amorfa (MOA) ocorre dominantemente em vários níveis da seção com intensa fluorescência, juntamente com os maiores valores para COT, S2 e IH, refletindo retrabalhamento microbiano em condições anóxicas de fundo, associadas a baixa energia e elevada preservação. Neste momento se formaram as melhores fácies potencialmente geradoras de petróleo.
A alternância entre o domínio de algas do gênero Pediastrum e Botryococcus auxilia no monitoramento das variações do nível do paleolago, assim como se prevalecem condições mais secas ou mais úmidas. Isso permite marcar de forma mais precisa na estratigrafia, as sequências de lago baixo e lago alto. Deve-se ressaltar que condições de lago baixo também podem favorecer a preservação da matéria orgânica, refletindo em excelentes rochas geradoras de petróleo. Em suma, a Formação Tremembé representa uma sucessão sedimentar de um sistema lacustre que sofreu seguidas fases de expansão (lago alto) e raseamento (lago baixo) em seu registro geológico, refletindo mudanças climáticas durante o Oligoceno.

Palavras Chave

Bacia de Taubaté; Formação Tremembé; Rocha Geradora; Lago Alto; Lago Baixo