51º Congresso Brasileiro de Geologia

Dados da Submissão


Título

TIPOLOGIA E QUÍMICA MINERAL DE APATITAS DO METACARBONATITO PASSO FEIO, TERRENO TIJUCAS, CINTURÃO DOM FELICIANO, RS

Texto do resumo

As rochas carbonáticas são consideradas de rara ocorrência, porém com grande impacto econômico devido a seu relativo enriquecimento em minerais estratégicos, como fontes de fosfatos, utilizados na indústria agrícola, bem como em elementos terras raras (ETR), aplicados, por exemplo, em componentes eletrônicos de alta performance. A apatita é um mineral importante em carbonatitos, por vezes perfazendo até 30% da rocha, controlando a variação do P e dos ETR nessas rochas. Fornece informações sobre o fracionamento magmático e possíveis interações com fluídos. Quanto às características que distinguem apatitas de carbonatitos das demais rochas ígneas, estas são principalmente o formato dos grãos e a sua química mineral. O objetivo deste trabalho é a caracterização morfológica e química das apatitas do Metacarbonatito Passo Feio (MCPF) para compreender o significado petrológico e permitindo usá-las como guias prospectivos na exploração e na pesquisa mineral. Para o estudo, foram utilizadas técnicas de microscopia ótica e eletrônica de varredura para a caracterização textural e morfológica dos grãos e microssonda eletrônica para caracterização química, no Centro de Estudos em Petrologia e Geoquímica (CPGq) da UFRGS. As apatitas do MCPF são caracterizadas como fluorapatitas prismáticas, mas seus prismas não são bem formados, possuindo bordas arredondadas. O hábito desses grãos é chamado de pill-like e resultante da interação da apatita euédrica com a matriz carbonática. Os cristais de apatita apresentam bimodalidade em tamanho, variando de 200 μm a 500 μm, e exibindo, por vezes, texturas com marcas de dissolução na superfície do grão, sendo comum também a presença de inclusões de monazita, tanto no interior do grão como nas bordas e em fraturas. As apatitas do carbonatito apresentam zoneamentos concêntricos e oscilatórios. O padrão de zonação das apatitas provê informações quanto a sua história de formação e processos posteriores. As apatitas comumente apresentam enriquecimento gradual em ETRs do centro do cristal até as bordas. A composição média da apatita é de CaO (55%), P2O5 (42,25%), SrO (0,45%), F (1,9%), La2O3 (0,24%) e Ce2O3 (0,40%). A relação CaO/P2O5 varia de 1,27 a 1,31%, evidenciando o caráter primário das apatitas, sendo pouco afetadas pela interação com fluidos hidrotermais. Este fato é corroborado pelos teores de SrO < 1%, sendo que, valores acima de 1% são considerados de apatitas hidrotermais. As apatitas do MCPF apresentam enriquecimento de elementos terras raras leves (ETRL), especialmente Ce3+ e La3+, condizentes com apatitas formadas em ambientes fortemente alcalinos onde possivelmente os ETRL3+ substituíram o Ca2+ ao longo da evolução magmática. Assim, as apatitas do MCPF são consideradas primárias, geradas em ambientes alcalinos, com pouca interferência hidrotermal e enriquecidas em ETR leves, sendo esse um mineral estratégico com potencial exploratório.

Palavras Chave

elemento terras-raras; fosfato; flúor apatita; prospecção mineral.

Área

TEMA 09 - Recursos Minerais, Metalogenia, Economia e Legislação Mineral

Autores/Proponentes

Vinícius da Costa Corrêa, Marcelo Barcellos Rosa, Maria Lídia Vignol-Lelarge, Márcia Elisa Boscato Gomes, Susan Martins Drago, Edinei Koester, Daniel Triboli Vieira, Carla Cristine Porcher, Guilherme Nascimento Campestrini, Arthur Faria Amorim, Rodrigo Chaves Ramos, Leonardo Sacher Duarte