51º Congresso Brasileiro de Geologia

Dados da Submissão


Título

MODELAGEM GEOQUÍMICA DE ETR POR BATCH MELTING REVELAM A FONTE MAGMÁTICA DA REDE DE DIQUES INTRUSIVOS NA SUÍTE LAGOA DOURADA (2350 Ma) – CINTURÃO MINEIRO, CRÁTON SÃO FRANCISCO MERIDIONAL

Texto do resumo

A Suíte Lagoa Dourada (SLD), situada na região central do Cinturão Mineiro (CM), representa um dos raros registros de rochas TTG de alto alumínio cristalizadas no Sideriano (ca. 2350 Ma). Esta suíte é constituída por biotita-hornblenda tonalitos a biotita-trondhjemitos que são intrudidos por uma intrigante rede de diques de natureza diversa. Estes diques, de composição máfica a félsica, possuem relações de corte em campo, características petrográficas, geoquímicas, geocronológicas e assinatura isotópica – U-Pb e Lu-Hf em zircão – que sugerem colocação na crosta associada a diferentes pulsos magmáticos produzidos através de processos intracrustais. Neste estudo, a partir do conteúdo de ETR de 3 grupos de diques distintos, foram realizadas modelagens geoquímicas para investigar as possíveis fontes e os processos de fusão associados à formação destes pulsos que integram a evolução geológica desta suíte. O Pulso 1 (P1) deu origem aos diques de hornblenda gabro (ca.2347Ma): SiO2 = 52%, Yb = 1.21-1.42 ppm, [La/Yb]N = 17.19-23.21 e ∑(ETR) = 143-206 ppm; o Pulso 2 (P2) diques de biotita trondhjemito (ca.2330Ma): SiO2 = 75%, Yb = 0.32-0.61 ppm, [La/Yb]N = 15.03-18.44 e ∑(ETR) = 39-73 ppm e o Pulso 3 (P3) diques de hornblenda biotita tonalito (ca.2325Ma): SiO2 = 62%, Yb = 1.26-1.33 ppm, [La/Yb]N = 17.98-35.55 e ∑(ETR) = 162-272 ppm. A modelização, usando equações de batch melting, demonstra que fundindo 5% de uma fonte toleítica do tipo MORB com um padrão ETR plano e (La/Yb)N=1, obtém-se um líquido semelhante ao P2, tendo como resíduo 40% de Cpx + 45% Hbl + 15% Grt. Entretanto, o enriquecimento no conteúdo de ETR leves e pesados dos P1 e P3, quando comparados às rochas do P2 e hospedeira (Yb = ≤1.00 ppm, [La/Yb]N = 10 a 46 e ∑(ETR) = 56 a 112 ppm), refletem heterogeneidades químicas na fonte, indicando que esta registra diferentes graus de enriquecimento. Portanto, na modelização destes pulsos (P1 e P3) utilizou-se um basalto enriquecido em ETR leves, de razão (La/Yb)N=2. Esta fonte toleítica enriquecida, requer grau de fusão parcial de 10% a 30% para produzir fundidos com características similares ao P1, deixando como fases residuais 67% Opx + 20% Cpx + 5% Hbl + 8% Grt. Para atingir graus de fusão superiores a 50%, esta fonte deveria apresentar um enriquecimento com relação (La/Yb)N > 4. Já para o P3 um líquido semelhante é obtido ao fundir ∼10% a 20% do basalto enriquecido, gerando um resíduo com 33% Opx + 56% Cpx + 4% Hbl + 7% Grt. A presença dessa rede de diques reflete a necessidade de um enriquecimento variável na fonte para explicar as diferentes razões (La/Yb)N observadas nessas rochas. Propomos que esse enriquecimento em ETR leves está intrinsecamente relacionado com a alteração em alta temperatura causada, por exemplo, por atividade hidrotermal, anterior ao processo de fusão parcial e produção dos diferentes pulsos magmáticos registrados pelas gerações de diques encontrados na SLD. Portanto, estes pulsos distintos registram diferentes graus de fusão parcial de uma fonte metabasáltica toleítica, com graus variados de enriquecimento, revelando, uma ampla diversidade composicional de magmas juvenis formados entre ca. 2350-2325 Ma, na margem sul do Cráton do São Francisco.

Palavras Chave

Cinturão Mineiro; Rede de diques; pulsos Magmaticos; Diques siderianos; Paleoproterozoico

Área

TEMA 19 - Magmatismo e Processos Petrogenéticos

Autores/Proponentes

Stephany Rodrigues Lopes, Leonardo Gonçalves, Cristiane Castro Gonçalves , Hugo Moreira, Syro Lacerda, Pedro Vieira Armond