51º Congresso Brasileiro de Geologia

Dados da Submissão


Título

Megabloco Januária-Carrentina-São Domingos: representante Paleoproterozoico do paleocontinente São Francisco.

Texto do resumo

As exposições do embasamento cristalino na região centro-norte da Bacia do São Francisco são marcadas por uma significativa anomalia positiva nos mapas de anomalia Bouguer, compreendendo à região de Januária no norte de Minas Gerais até cidades de Correntina e Coribe no centro-sul da Bahia, e alcançando a cidade de São Domingos no nordeste de Goiás. As exposições são associadas a um alto do embasamento cristalino do Paleocontinente São Francisco, embora anteriormente reconhecido sob diversos nomes locais, é aqui denominado como Megabloco Januária-Correntina-São Domingos. Este alto está em grande parte encoberto por coberturas sedimentares cretáceas do Grupo Urucuia e pela bacia de antepaís representada pelo Grupo Bambuí.
Partes deste megabloco eram inicialmente interpretadas como arqueanas, contudo estudos recentes na literatura revelaram a existência de mais terrenos tectônicos do que os tradicionalmente delimitados, além de evidenciar a presença e interação de terrenos juvenis e de crosta cratônica por arcos magmáticos paleoproterozoicos. Este estudo visa associar a caracterização geofísica deste bloco em conjunto com a compilação e à análise de novos dados isotópicos, petrográficos e geoquímicos. Os novos dados coletados são derivados de trabalho de campo em todas as áreas de exposição do embasamento complementados por dados obtidos através de sondagens realizadas pelo Projeto Sondagem Bambuí da CPRM-SGB na década de 70. O megabloco é predominantemente composto por metatonalitos e meta-quartzo-dioritos que exibem caráter metaluminoso e assinatura cálcio-alcalina de médio-K, onde estão associadas à ocorrências de ouro e cassiterita em veios de quartzo. Seu conteúdo em elementos traços exibe enriquecimento em LILE’s (Cs, Rb, Ba, Pb e Sr) frente à forte depleção de elementos HFSE (Th, U, Nb, Ta, Ti e Zr). Com relação aos ETR exibe leve enriquecimento dos ETRL sobre os ETRP com razões (La/Yb)N entre 3.87 a 10.85 e anomalias de Eu/Eu* variando entre 0.91 a 1.05, similares às rochas de ambiente de arco magmático encontradas na região. Gnaisses anfibolíticos apresentam-se com foliação marcante e ocasionalmente bandados e estão associados a rochas supracrustais compostas por vulcânicas (dacitos, riodacitos e xistos máficos) e vulcanoclásticas (mica xistos). Suítes plutônicas indeformadas apresentam rochas de composição monzonítica (Hbl-qtz monzonitos) a sienítica de caráter metaluminoso, pertencentes a sériecálcio-alcalinas de alto-K a shoshonítica e. Seu conteúdo em elementos traço exibe enriquecimento típico em LILE’s (ex. Cs, Rb, Ba e Pb) frente à forte depleção de elementos HFSE (ex. Nb, Ta e Ti), com exceção de Th e U, onde exibem forte enriquecimento. Com relação aos ETR exibe enriquecimento dos ETRL sobre os ETRP com razões (La/Yb)N entre 7,94 e 17,89 e anomalias de Eu/Eu* entre 0,53 a 0,88, similares às suíte pós-colisionais encontradas na região. Por fim, diques diabásicos cortam a sequência, exibindo diversas direções e idades, e são claramente delineados nos mapas de magnetometria. Em relação aos dados isotópicos, tanto os preexistentes quanto os recém-obtidos indicam predominância de idades paleoproterozoicas, variando de ~2,35Ga (gnaisse anfibolítico- metagranodiorito), 2,18Ga (metariolito), 2.16Ga (metatonalito) a 2,05Ga (Sienogranito). Os dados aqui apresentados caracterizam o Megabloco Januária-Correntina-São Domingos como um representante significativo do período paleoproterozoico no Paleocontinente São Francisco.

Palavras Chave

Paleocontinente São Francisco; Bloco Paleoproterozoico; integração geológica Regional; Bacia do São Fransciso; Projeto Sondagem Bambuí.

Área

TEMA 18 - Geocronologia e Geoquímica Isotópica

Autores/Proponentes

Paulo Henrique Amorim Dias, Renato Assis Barros, Márcio Antonio Silva, Wilker Soares Silva, Guilherme Bozelli Pontes, Carolina Reis