51º Congresso Brasileiro de Geologia

Dados da Submissão


Título

PARTIÇÃO DA DEFORMAÇÃO NAS ROCHAS DO GRUPO VAZANTE, ZONA EXTERNA DA FAIXA BRASÍLIA MERIDIONAL, PROVÍNCIA TOCANTINS

Texto do resumo

A Faixa Brasília, inserida na Província Tocantins, se formou pela colisão diacrônica de três grandes blocos continentais (crátons Amazônico e São Francisco e Bloco do Paranapanema) entre o Criogêniano e Ediacarano. Este orógeno está atualmente dividido em porções setentrional e meridional com estruturas regionas de direção NE-SW e NW-SE, respectivamente. Diversos autores propuseram a subdivisão adicional deste sistema orogênico em zonas interna, externa e cratônica, com base no estilo de encurtamento tectônico e na variação do grau metamórfico. Todavia, estudos de detalhe, ainda restritos no interior destas zonas, são fundamentais para compreender o campo de esforços atuante durante o ciclo orogênico. Neste contexto, este trabalho tem como objeto de estudo a deformação em rochas metassedimentares do Grupo Vazante, iseridas na Zona Externa da Faixa Brasília Meridional, na região de Lagamar (MG). A abordagem metodológica considera a análise geométrica e cinemática da deformação nas rochas, sendo baseada em dados de imagens de satélite e dados de campo. O processamento de imagens de radar (SRTM) permitiu a extração de morfolineamentos com orientação principal NNE-SSW e NNW-SSE e subordinada de direção WNW-ESE. Os dados foram organizado em fácies estruturais, segundo o tipo de deformação, a forma e a orientação das estruturas. A organização permitiu a definição de dois domínios estrutural-cinemáticos na área de estudo. O domínio 1 ocupa aproximadamente 72% da porção oeste da área e contém grandes dobras assimétricas com flancos de direção NNE-SSW com inclinação suave (~20°) para WNW e moderada (~45-50°) para ESE, definindo as macroformas nesta região. As dobras podem ser classificadas como reclinadas com eixo de caimento suave (~10°) para SW. A clivagem plano axial tem direção NNW-SSE e NNE-SSW e mergulho moderado a alto (~50–70°) para WSW ou WNW. O conjunto mostra vergência tectônica para leste. O domínio 2 é estreito e ocupa uma pequena porção da área (~28%), apresentando zonas de alta deformação com ocorrência de milonitos, cataclasitos e brechas. Este domínio pode ser subdividido em subdomínios 2A e 2B de acordo a relação entre lineação e foliação. O subdomínio 2A, localizado a oeste do domínio 2, apresenta foliações anastomosadas, espaçadas a contínuas, com direção NNW-SSE e NNE-SSW e mergulho suave a moderado (~20-40°) para WSW, ou WNW. As lineações são definidas por estrias e cristais alongados com caimento suave a moderado (17–49°) para WSW e SW. O subdomíno 2B, apresenta foliações anastomosadas, espaçadas a contínuas, com direção NNE-SSW e mergulho alto (>70°) para WNW. As lineações, geralmente subhorizontais, são marcadas por cristais alongados subparalelos a direção da foliação. No subdomínio 2B é comum a ocorrência de boundins com alongamento paralelo a lineação mineral, dobras de arrasto, cataclasitos e brechas de falha silicificadas. Pares conjugados de fratura com direção WNW-ESE, WSW-ENE, N-S e NW-SE ocorrem nos dois domínios, marcando o estágio tardio da deformação rúptil na área de estudo. Os dados inidicam uma partição de deformação associada a um encurtamento leste-oeste, separando regiões dominadas por componentes de cisalhamento puro (domínio 1) e simples (domínio 2), respectivamente. A partição de deformação é frequente durante a colisão obliqua entre massas continentais, sendo seu estudo importante para compreensão de grandes sistemas orogênicos como a Faixa Brasília.

Palavras Chave

Província Tocantins; Faixa Brasília Meridional; Grupo Vazante; Partição de Deformação

Área

TEMA 17 - Tectônica e Evolução Geodinâmica

Autores/Proponentes

MARCO ANTÔNIO DELINARDO SILVA, FERNANDA QUAGLIO, MARIA ANUNCIAÇÃO SILVA-NETA, IVAN PAZ RIBEIRO, VIVIANE NASCIMENTO LEITE, ARTUR RIBEIRO AZEVEDO, JOÃO MATHEUS BARBOSA SILVA