51º Congresso Brasileiro de Geologia

Dados da Submissão


Título

PRESENÇA DO AGROTÓXICO ACEFATO EM ÁGUAS DE ABESTECIMENTO E POSSIVEIS EFEITOS NA SAÚDE HUMANA

Texto do resumo

O intenso uso de agrotóxicos pelos lotes de cultivo existentes no município de Russas, localizado no estado do Ceará, tem contribue para a contaminação dos recursos hídricos local. Conforme dados pesquisados na plataforma do DATASUS, houve um crescimento progressivo de mortes causadas por neoplasias no município, principalmente após a implatação do Perímetro Irrigado Tabuleiros de Russas. O estabelecimento do padrão de potabilidade para substâncias químicas que representa risco à saúde é conduzido a partir da avaliação quantitativa do risco. Com base no contexto, objetivou-se realizar análise do agrotóxico acefato em amostras de águas coletadas de acordo com os procedimentos recomendados pela Agencia Nacional de Águas. As coletas de águas foram realizadas em quatro ciclos, 1º ciclo em maio/2021, 2º ciclo em agosto/2021, 3º ciclo em novembro/2021 e 4º ciclo em maio/2022. As análises foram realizadas de acordo com o método cromatográfico recomendado. O acefato esteve presente em 52,6%, 100% e 95%, no 1º, 2º e 4º ciclo, respectivamente. As concentrações médias (µgL-1) de acefato detectadas foram: no 1º ciclo foram (4,32); no 2º ciclo (77,94); no 3º ciclo não foi detectado e no 4º ciclo (35,16). Dentre essas substâncias utilizadas, o acefato já foi proibido em 30 países. Devido a neurotoxicidade, suspeita de carcinogenicidade e de toxicidade reprodutiva, foi proibido na Comunidade Europeia, no Brasil foi proibido a partir de julho de 2012, para algumas culturas. Classificado pela Agência de Proteção Ambiental dos Estados Unidos (USEPA) como possível carcinógeno humano. No Brasil, os padrões de qualidade da água para consumo humano são estabelecidos na Portaria GM/MS nº 888 de 04 de maio de 2021 do Ministério da Saúde. O valor da Ingestão Diária Aceitável (IDA) pode ser usado como parâmetro para avaliar o nível de exposição ao pesticida, ao ser ingerido na água contaminada. O Valor Máximo Permitido (VMP) pela Portaria nº888/2021 para o acefato é 7,0 µgL-1. Observando-se os resultados obtidos nos 1º, 2º e 4º ciclos, os valores foram maiores que o VMP estabelecido. Comparando o maior valor encontrado pra o acefado com os limites da UE (0,1µg/L), o acefato apresenta-se em 5.720 vezes maior, e uma exposição crônica de 1.634,10% do Índice Diário Aceitável (IDA). Pode-se concluir que a presença de acefato nas águas sugere um vetor preocupante devido ao potencial para causar efeitos adversos na saúde humana.

Palavras Chave

Acefato; Água; contaminação; Saúde

Área

TEMA 07 - Geoquímica Médica e Forense

Autores/Proponentes

Luzia Suerlange ARAUJO DOS SANTOS MENDES, Ana Rita Gonçalves Neves Lopes Salgueiro, Itabaraci Nazareno Cavalcante, Joyce Shantala Fernandes de Oliveira Sousa, Tomaz Alexandre da Silva Neto, Eveline Cunha Lima, Fátima Andréa Lima Girão , Erika de Almeida Sampaio Braga