51º Congresso Brasileiro de Geologia

Dados da Submissão


Título

RELAÇÃO ENTRE PRECIPITAÇÃO ANTECEDENTE E SUPERFÍCIE DE ÁGUA EM BACIAS DO RIO GRANDE DO SUL POR SENSORIAMENTO REMOTO

Texto do resumo

Sabe-se que a água da chuva é o principal agente de abastecimento dos rios e seus afluentes, alimentando assim os cursos d´água e influenciando diretamente na sua disponibilidade. Deste modo, o objetivo desta pesquisa foi constituir uma análise relacionando toda a água em superfície das três grandes regiões hidrográficas do Rio Grande do Sul com a chuva antecedente, para então termos uma melhor compreensão entre a interação da precipitação com a água disponível em superfície. A área de estudo foi definida segundo a subdivisão regional em Região Hidrográfica da Bacia do Rio Uruguai (RH Uruguai), Região Hidrográfica das Bacias Litorâneas (RH Litorâneas) e Região Hidrográfica da Bacia do Guaíba (RH Guaíba), com a análise de dados mensais no período de janeiro de 2000 a dezembro de 2023. Os dados pluviométricos mensais foram obtidos a partir do produto de sensoriamento remoto CHIRPS (Climate Hazards Group Infrared Precipitation with Stations), onde buscou-se acumular precipitações de até seis meses. Os dados de superfície hídrica foram processados em ambiente computacional a partir da exportação de imagens obtidas no Google Earth Engine (GEE), através de script do MapBiomas Água. Os resultados foram correlacionados a fim de entender a representatividade e a importância dos acumulados de chuva como variável preditiva para o aumento ou diminuição da superfície de água em cada uma das bacias. Os resultados mostram que a correlação linear (r) entre a chuva e a área de superfície hídrica, embora significativa, é fraca/moderada, sendo que para o acumulado de cinco meses para a RH do Guaíba registra-se o maior valor obtido nas séries que é de 0,24. Sua área de superfície hídrica obteve média de 1917,5 km², máxima de 2180,7 km² ocorrido em agosto de 2010 e mínimo de 680,4 km² em setembro de 2011. A RH Litorâneas foi a bacia que apresentou menores índices de correlação linear entre os acumulados analisados para todas as regiões hidrográficas, porém seu maior registro de área de superfície hídrica foi obtido em agosto de 2007, com cerca de 6548,2 km² e tem uma boa correlação com a chuva registrada neste mesmo período, chegando a quase 200 milímetros. A RH Uruguai, por sua vez, apresentou r de 0,22 e seu menor registro de área de superfície hídrica foi em setembro de 2011, assim como na RH do Guaíba, mostrando então uma boa correlação entre os dados e as bacias. Embora os resultados demonstrem baixa relação na regressão do relacionamento das variáveis, é preciso maior cuidado na identificação da relação, uma vez que o método utilizado pelo MapBiomas para determinar seus produtos, envolve a análise de pixels por meio de regras empíricas baseadas em Lógica Fuzzy e filtros temporais e espaciais para preencher lacunas de dados causadas pela presença de nuvens, sombra e falta de observações, deste modo gerando um índice de pertinência na escala de zero (sem água) a um (alta concentração de água). A variabilidade climática observada nas variáveis dependentes e não observada na variável dependente pode afetar a análise da relação causa e efeito, implicando em um relacionamento entre as variáveis com maior dificuldade na identificação. Indica-se uma avaliação da série voltada para uma regressão múltipla com o objetivo de melhorar a segurança da análise.

Palavras Chave

Geotecnologia; Hidrografia; Precipitação

Área

TEMA 02 - Recursos Hídricos e Geociências Ambientais

Autores/Proponentes

Júlia Bulegon Baldo, Josiane Leci Vanin Barbieri, Guilherme Garcia Oliveira