51º Congresso Brasileiro de Geologia

Dados da Submissão


Título

INCLUSÕES MINERAIS DO DIAMANTE SL2-07 DE JUÍNA E SUAS IMPLICAÇÕES PARA O ENTENDIMENTO DO MANTO SUPER-PROFUNDO

Texto do resumo

O campo diamantífero da Província Kimberlítica de Juína, Mato Grosso (MT), é conhecido por registrar uma das raras ocorrências mundiais de diamantes super-profundos, provenientes da zona de transição (410-660 km de profundidade) e do manto inferior (>600 km). O manto inferior é composto essencialmente por ~70 vol.% de bridgmanita ((Mg, Fe)SiO3), <20 vol.% de ferropericlásio ((Mg,Fe)O, sendo a wüstita o membro final rico em Fe) e <10 vol.% de Ca-Si-perovskita (CaSiO3). O presente estudo tem como objetivo caracterizar as fases minerais presentes e as zonas de estabilidade das micro inclusões aprisionadas no diamante aluvionar do Rio São Luiz (SL2-07), Juína. Tais inclusões representam amostras inestimáveis para o entendimento do manto profundo, as quais preservam processos físicos e químicos referentes à sua fonte através do tempo geológico. Neste trabalho foram utilizados dados obtidos in situ por espectroscopia Raman e espectroscopia no infravermelho por transformada de Fourier (FTIR), gerados no Laboratório de Espectroscopia Ótica do Instituto de Física da UnB. Os mapas das inclusões foram obtidos por microtomografia na linha MOGNO do Laboratório Nacional de Luz Síncrotron (LNLS). A partir dos espectros obtidos pelo FTIR foi determinada a ausência de nitrogênio no diamante, que significa que faz parte de um grupo raro de diamantes classificados como do tipo IIa. A microtomografia gerou mapas em 2D das inclusões, auxiliando na identificação dos alvos no Raman. As análises de Raman foram obtidas com laser de 633 nm e 17 mW, abrangendo a faixa espectral de 100-1280 cm-1. As inclusões analisadas foram reconhecidas a partir dos picos correspondentes aos minerais e revelam a predominante ocorrência de wüstita (FeO; ~690 cm-1) (n = 71). É importante enfatizar que apesar de representar o mineral mais abundante nos diamantes de Juína, a amostra SL2-07 apresenta quantidade anômala de wüstita. Em alguns casos, ela ocorre associada a carbonato em inclusões bem formadas de siderita (Fe(CO3)) ou magnesita (Mg(CO3)) (picos em ~230, 282 e 1089 cm-1, n = 5). Esse carbonato pode ter sua origem relacionada à reciclagem de placa oceânica (subducção) ou ao metassomatismo carbonatítico. Adicionalmente, inclusões de cromita foram identificadas com base nos picos característicos em 570-596 e 687-689 cm-1 (n = 19). Também foram reconhecidas duas inclusões de ortopiroxênio (enstatita - Mg2Si2O6) a partir do dubleto em ~667-670 e 688 cm-1, além dos picos em 1002 e 1017 cm-1. A ocorrência de enstatita pode ser assumida como a transição de fase da bridgmanita no manto super-profundo. Portanto, estas fases minerais representam majoritariamente inclusões de alta pressão típicas do manto inferior (>660 km).

Palavras Chave

diamante super-profundo; wüstita; Raman; microtomografia; Juína.

Área

TEMA 19 - Magmatismo e Processos Petrogenéticos

Autores/Proponentes

Odara Luiza Marques Rodrigues Silva, Tiago Jalowitzki, Samuel Almeida, Ingrid Hoyer, Marãna Iasmim Novais Ventura, Fernanda Gervasoni, Daniel Grings Cedeño, Alexandre Silva Santos, Sebastião William da Silva, Ricardo Kalikowski Weska, Roberto Ventura Santos, Reinhardt Adolfo Fuck