51º Congresso Brasileiro de Geologia

Dados da Submissão


Título

O POTENCIAL DOS SISTEMAS TURBIDÍTICOS QUATERNÁRIOS COMO ANÁLOGOS A SISTEMAS PRETÉRITOS RESERVATÓRIOS DE PETRÓLEO: EXEMPLOS DA BACIA POTIGUAR, MARGEM EQUATORIAL

Texto do resumo

O estudo dos sistemas deposicionais quaternários de águas profundas, entre eles os sistemas turbidíticos, como modelos análogos a sistemas pretéritos soterrados ou aflorantes, através de dados sísmicos multicanais 3D, enseja algumas vantagens: o conhecimento da fisiografia da bacia à época da deposição e a visão tridimensional dos elementos arquiteturais com suas geometrias preservadas em virtude da boa resolução do dado sísmico na seção rasa e ausência de erosões e hiatos de grande monta. A limitação desse método geralmente está associada à carência de dados reais (testemunhos) para calibrar os dados indiretos e a falta de resolução vertical do dado sísmico 3D convencional para estudos de estratigrafia de alta resolução. Apesar disto, o aproveitamento do potencial dos sistemas turbidíticos modernos de bacias marginais como modelo preditivo para sistemas turbidíticos pretéritos desenvolvidos neste mesmo tipo de bacias vem sendo feito, com sucesso, em várias regiões do mundo, tais como Golfo do México e costa da África.
Os dados de sísmica multicanal 3D adquiridos no talude continental da Bacia Potiguar permitiram o reconhecimento de vários sistemas turbidíticos quaternários dentre os quais 5 foram caracterizados e nomeados, de NW para SE como: Tibau, Alvas, Jaguaribe, Apodi e Açu. As porções mais distais e as cabeceiras da maioria dos sistemas turbidíticos não foram imageadas pela sísmica 3D. As cabeceiras dos sistemas Apodi e Açu foram registradas somente por levantamentos batimétricos multifeixes.
O talude da Bacia Potiguar apresenta perfil côncavo, com um talude superior mais íngreme que forma uma escarpa de borda de plataforma, com declividades maiores do que 10 graus, passando a declividades progressivamente menores talude abaixo, até valores entre zero e 1 grau na parte inferior distal. O talude é cortado por inúmeros cânions sinuosos e/ou retilíneos que por vezes endentam a plataforma continental, ou nascem no próprio talude. Na porção central da bacia, na retaguarda das cabeceiras dos cânions maduros estão posicionados os principais vales incisos da área: Apodi-Mossoró e Açu. Com os rebaixamentos glacio-eustáticos pleistocênicos, a plataforma continental sofreu exposição parcial a total, durante os quais os sistemas continentais/costeiros avançaram até a borda da plataforma onde passaram a alimentar diretamente os cânions através de fluxos gravitacionais de densidade (correntes de turbidez), permitindo assim a transferência dos sedimentos arenosos para a porção profunda da bacia. Em alguns sistemas, como o Açu, o caminho das areias sofre desvios decido à influência de falhas e outros obstáculos como depósitos de movimentos de massa e montes submarinos.
Esses sistemas turbidíticos são confinados por condutos erosionais (cânions) na porção proximal, e em direção ao talude inferior formam uma calha deposicional delimitada pelos seus levees onde predomina deposição em relação à erosão, e evoluem distalmente para um ambiente fracamente ou não erosional, caracterizado por fluxos desconfinados em área de baixo gradiente, onde se desenvolvem depósitos com padrão frequentemente radial com geometria lenticular (lobada) ou em lençol. O modelo evolutivo desses sistemas tem boa correlação com o modelo de alguns reservatórios oligo-miocênicos e pliocênicos do oeste da África.

Palavras Chave

Turbiditos; modelos análogos; talude continental; Bacia Potiguar; Quaternário.

Área

TEMA 21 - Estratigrafia, Sedimentologia e Paleontologia

Autores/Proponentes

Cizia Mara Hercos