51º Congresso Brasileiro de Geologia

Dados da Submissão


Título

Status de Qualidade Ecológica (EcoQS) da Baía de Sepetiba (SE Brasil)

Texto do resumo

Nas últimas décadas, ecossistemas costeiros antropizados e industrializados têm sido alvo de severa degradação ambiental. Este é o caso da Baía de Sepetiba, um dos sistemas costeiros mais impactados pela poluição por metais no sudeste do Brasil. Este trabalho tem como objetivo analisar as relações entre os foraminíferos bentônicos vivos em 50 estações espalhadas pela Baía de Sepetiba, com diversas variáveis abióticas como parâmetros físico-químicos, granulometria, carbono orgânico total, isótopos estáveis na matéria orgânica, elementos potencialmente tóxicos (PTEs) e parâmetros de pirólise Rock-Eval na área de estudo. Para este efeito, a densidade e a percentagem de espécies foram comparadas com as variáveis analisadas, nomeadamente as concentrações de PTE, dois índices geoquímicos, o índice de carga poluente (PLI) e o índice de risco ecológico potencial (PERI) e dois índices ecológicos, o Índice de Espécies Tolerantes para o Mediterrâneo, ou TSI-Med e o Exp(H'bc) baseado na diversidade de espécies. Os índices TSI-Med e Exp(H'bc) mostraram correlações significativas com os factores de estresse abióticos analisados na área de estudo. É reconhecido que os sedimentos da Baía de Sepetiba apresentam concentrações relativamente elevadas de Cd, Cu, Mn, Pb, Sn e Zn em comparação com outras regiões do Brasil ou do mundo, como resultado de intensas atividades antropogênicas (urbanas, industriais, turísticas, agrícolas, portuárias, pesqueiras, entre outras). Os metais que mais contribuem para os valores de PERI foram Cd>Hg>Cu>Co>Pb>Sn>Tl>Ni.
As espécies mais tolerantes ao enriquecimento de As, Cd, Pb, Co, Cr, Ni, Mn, Sn, V e Zn (mas não Cu) e matéria orgânica foram A. tepida, E. excavatum, A. buzasi e A. rolshauseni. As restantes espécies identificadas eram geralmente mais frequentes em ambientes de menor impacto sob influência oceânica mais significativa. O Exp(H'bc) foi selecionado para classificar o Estado de Qualidade Ecológica (EcoQS) da Baía de Sepetiba. A classificação dos resultados desse índice mostrou que a maioria das estações localizadas na zona interna e próxima às margens da Baía de Sepetiba apresenta qualidade ruim e péssima, o que concorda com a distribuição genérica de parte dos índices geoquímicos dos estressores abióticos (PLI e PERI). Esta é uma situação preocupante, que sugere a necessidade de medidas de proteção ambiental. Os resultados deste trabalho dão início a uma importante base de dados que poderá ser utilizada como referência em futuros trabalhos de monitorização (com base em foraminíferos vivos) das zonas costeiras em geral e deste ecossistema.

Palavras Chave

Foraminíferos Vivos; Metais; Matéria Orgânica; Hidrocarbonetos; Poluição Marinha

Área

TEMA 02 - Recursos Hídricos e Geociências Ambientais

Autores/Proponentes

Maria Virginia Alves Martins, Fabrício Damasceno, João Graciano Mendonça Filho, Luiz Guilherme Costa Santos, Egberto Pereira, Thaise M. Senez-Mello, Wellen Castelo