51º Congresso Brasileiro de Geologia

Dados da Submissão


Título

PALEOTOCAS DO VALE DO ESMERIL: PATRIMÔNIO GEOLÓGICO AMEAÇADO PELA MINERAÇÃO DE FERRO NO NORTE DE MINAS GERAIS

Texto do resumo

O geossítio Vale do Esmeril compreende um conjunto de 6 paleotocas, localizado no município de Rio Pardo de Minas, extremo norte de MG. Faz parte do geossistema ferruginoso do Vale do Rio Peixe Bravo, onde a associação entre a geodiversidade e biodiversidade implica em grande relevância ecossistêmica. Até o momento foram identificadas 21 paleotocas, escavadas em metadiamictitos ferruginosos, formações ferríferas e cangas do Membro Riacho Poções da Formação Nova Aurora, Grupo Macaúbas. No Vale do Esmeril as cavidades têm projeção horizontal de até 33 metros, situadas em encostas íngremes de ambos lados do Córrego do Esmeril, a distâncias inferiores a 150 m entre si, o que permite caracterizá-las como um geossítio do tipo “área”. Destacam-se pelas abundantes marcas de garra nas paredes e teto, muito bem preservadas. E por apresentarem superfícies lisas de atrito e câmaras de giro, características que são interpretadas como evidências de habito gregário de preguiças-gigantes (Mylodontidae), que teriam escavado, ao menos parcialmente, tais cavidades. Merece destaque também que esta foi a primeira ocorrência descrita de paleotocas em rochas ferruginosas e considerando que sua descoberta é relativamente recente, pode-se afirmar que o potencial para novas descobertas paleontológicas é grande. O objetivo deste trabalho é avaliar quantitativamente o geossítio, assim como discutir as ameaças ao patrimônio geológico. Foram aplicadas metodologias para avaliação quantitativa do valor científico, potencial uso educacional e geoturístico, bem como do risco à degradação e o seu valor ecocêntrico. Já as ameaças foram avaliadas tanto para o geossítio como o seu entorno. O Vale do Esmeril é classificado como de relevância nacional, assim como o seu potencial uso educacional. Já o potencial uso geoturístico é de relevância regional ou local, principalmente devido à distância e falta de estrutura turística da região. Com relação ao valor ecocêntrico, dentre os cinco parâmetros propostos, o geossítio apresenta a maior pontuação quanto ao valor ecológico. A segunda maior pontuação refere-se ao seu valor antrópico. Estes resultados mostram que o geossítio pode contribuir significativamente para a sensibilização da sociedade tanto sobre o valor intrínseco da natureza, como também sobre os benefícios que a geodiversidade propicia ao ser humano. Considerando os potenciais impactos, conclui-se que a mineração é a principal ameaça ao patrimônio geológico, sendo classificada como uma ameaça “severa” na Matriz de Avaliação de Risco. A área que abrange o Geossítio Vale do Esmeril encontra-se em “Requerimento de Lavra”. Contudo, as 21 paleotocas já identificadas no Vale do Rio Peixe Bravo estão ameaçadas, uma vez que a totalidade da área do geossistema ferruginoso apresenta requerimentos, em suas diferentes fases. Conclui-se pela necessidade de criação de uma área protegida, de uso sustentável ou proteção integral, para proteger o Vale do Esmeril. Os estudos elaborados no âmbito do licenciamento ambiental de um empreendimento de minério de ferro situado próximo (Bloco 8 – Sul Americana de Metais S/A), inclusive, caminham neste sentido. A existência de uma área protegida favoreceria também a estruturação necessária para que o geossítio possa ser utilizado em atividades educacionais e geoturísticas. Agradecimentos: o presente trabalho foi realizado com apoio da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior - Brasil (CAPES) - Código de Financiamento 001A

Palavras Chave

Geoconservação; Vale do Rio Peixe Bravo; Grupo Macaúbas icnofósseis; megafauna

Área

TEMA 04 - Geodiversidade, Geoturismo e Geoconservação

Autores/Proponentes

Leonardo Frederico Pressi, Paulo Tarso Amorim Castro