51º Congresso Brasileiro de Geologia

Dados da Submissão


Título

PROVENIÊNCIA E TEMPERATURA DE FORMAÇÃO DE GRÃOS DE RUTILO DE ROCHAS ARENÍTICAS DA BACIA POTIGUAR

Texto do resumo

Este trabalho apresenta resultados de estudos petrológicos do rutilo, aplicados à proveniência e à termometria, utilizando grãos detríticos dos arenitos da Bacia Potiguar, NE do Brasil. A Bacia Potiguar é composta por uma porção onshore e uma offshore, e sua origem está relacionada à abertura do Oceano Atlântico no início do Cretáceo. O embasamento adjacente à bacia é formado por rochas pré-cambrianas da Província Borborema, que possui diversos depósitos minerais de W, Ta, Sn, Li, Be, Ti, Au, Cu, Ni e U. O rutilo, polimorfo mais comum de TiO2, é um mineral acessório encontrado, dominantemente, em terrenos metamórficos de alto grau, em rochas alteradas hidrotermalmente e, minoritariamente, em rochas ígneas (gabros, dioritos, anortositos, sienitos e granitos) exibindo, geralmente, granulação fina. Em rochas metamórficas do tipo filitos, quartzitos, mica-xistos, gnaisses, anfibolitos, glaucofano-xistos e eclogitos, ocorre na forma de cristais aciculares diminutos, ao passo que em pegmatitos forma cristais grandes. Pode ainda ocorrer como agulhas em quartzo, originando o quartzo rutilado com aspecto amarelo dourado. O rutilo admite em sua composição os elementos traços Nb, Sb, Ta, W, V, Cr, Mo e Sn, cujos teores permitem obter informações a composição da rocha fonte e estimativas da idade e temperatura de formação. Existem 11 variedades de rutilo classificados com base em teores de Nb, Ta+Fe, V, Cr, Sn e Sb. As abundâncias de Cr e Nb podem efetivamente distinguir rutilo derivado de rochas metabásicas e metapelíticas. Uma aplicação extremamente importante do rutilo é nos estudos de proveniência. Neste estudo, minerais pesados de 24 amostras da fração areia fina a muito fina de arenitos de poços selecionados da Bacia Potiguar, foram concentrados e estudados em microscópio ótico e em microscópio eletrônico de varredura a fim de identificar características texturais e morfológicas, e analisados em microssonda eletrônica Cameca SXFive do Centro de Estudos em Petrologia e Geoquímica (IGEO-UFRGS). O rutilo foi identificado em várias amostras, associado principalmente com granada, estaurolita, turmalina, zircão e apatita, atingindo a abundância máxima de 7% da assembleia total. Os grãos de rutilo estudados são angulosos, subédricos, prismáticos curtos, com razão axial entre 1,8 e 1,5, de coloração vermelha ou amarela, alguns com pleocroísmo moderado e com inclusões do próprio rutilo. Os resultados de análises obtidas em microssonda eletrônica de grãos de rutilo desta investigação, com valores de Cr de 91 a 4.709 ppm e Nb de 1805 a 20.756 ppm, indicam que os grãos de rutilo são derivados predominantemente de áreas-fonte metapelíticas. Os dados de Zr com valores entre 200 e 1.364 ppm foram aplicados ao geotermômetro de zircônio (Zr) em rutilo, indicando uma temperatura de formação dos grãos detríticos entre 597 e 765 °C. Esses valores indicam que os rutilos são provenientes de rochas de alta temperatura ligadas a rochas metamórficas de alto grau. Por fim, cabe destacar que os grãos de rutilo foram classificados como oriundos de metapelitos de acordo com seus níveis de conteúdo de Cr e Nb.

Palavras Chave

Proveniência; temperatura do rutilo; petrologia e rutilo.

Área

TEMA 20 - Mineralogia e Petrologia Metamórfica

Autores/Proponentes

Luca Hennemann Polydoro, Amanda Thieme, Marcus Vinicius Dorneles Remus, Norberto Dani, Guilherme Sonntag Hoerlle, Susan Martins Drago, Bruno Rafael Barros Pereira, Márcia Boscato Gomes, Onicélia Cássia Ribeiro Rosa, Emilson Fernandes Soares, Renata Solagaistua Matos, Davy Ramos Albuquerque